"Tiradentes sofreu primeiro processo de delação premiada do país", revela advogado

  • Por Jovem Pan
  • 20/04/2016 11h32
Rafael Souto/Jovem Pan

No próximo dia 21 de abril é comemorado o feriado de Tiradentes, herói da Inconfidência Mineira, que foi enforcado em 1792. Pois nesta quarta-feira (20), o advogado Ricardo Tosto foi o convidado do Jovem Pan Morning Show, onde apresentou o seu livro “O Processo de Tiradentes”, obra que dá mais detalhes sobre tudo o que aconteceu ao mineiro.

Tosto revela que o caso de Tiradentes representou o primeiro caso de delação premiada do Brasil – atividade que está em alta na política brasileira atualmente – já que o traidor Joaquim Silvério dos Reis entregou os líderes da conspiração para a Coroa Portuguesa.

“A verdade é que Joaquim Silvério dos Reis foi o primeiro a fazer uma delação premiada no país. Ele devia para a coroa e delatou quem queria fazer a Inconfidência Mineira. Com isso, ele resolveu o seu problema. Ele tentou fazer uma segunda delação para ver se ganhava mais dinheiro, mas o governo português não acreditou. Ia virar um hábito a delação premiada “, apontou.

O advogado acredita que pouca coisa mudou com o sistema carcerário nesses pouco mais de 200 anos desde a morte de Tiradentes. Para ele, as condições precárias são as mesmas. “Eu acho que em 200 anos as coisas não mudaram tanto no Brasil. O sistema carcerário é muito parecido com o que tem hoje. Não evoluiu muito”, opinou.

Com a novela global “Liberdade, Liberdade” trazendo o assunto à tona novamente, apresentando até uma suposta filha de Tiradentes como heroína da trama, Tosto afirma que não há indícios históricos no processo que provem que Joaquina realmente existiu. Ele explica que os bens de Joaquim da Silva Xavier não teve seus bens divididos com ninguém, pois não era casado.

“No livro não aparece mulher nenhuma, tanto que os bens dele não foram partilhados com ninguém. Não há uma prova histórica de que ele teve família ou filha”, disse.

Ao contrário do que muitos pensam, a Inconfidência Mineira não foi um movimento das classes mais pobres. O advogado mostra em seu livro que a classe média da época foi a grande maioria no movimento separatista mineiro. Tiradentes acabou se tornando um mártir muito tempo depois de sua execução, e sua imagem foi comparada a de Jesus Cristo (como a maioria dos quadros de arte o retratam, com cabelos e barbas longas).

“A verdade é que no começo do processo a importância dele era menor. Depois do crescimento da inconfidência mineira, ele ficou importante. Tiradentes tinha dinheiro e escravos. No processo da prisão, levantavam tudo o que o acusado tinha na época”, finalizou.

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