Vocalista do Nenhum de Nós diz ter "orgulho" do Rio Grande do Sul e "vergonha" dos separatistas

  • Por Jovem Pan
  • 03/04/2018 11h47
Johnny Drum/Jovem Pan Vocalista do Nenhum de Nós esteve no programa para apresentar o novo EP da banda

Seja nos discursos, nos temas das canções ou no inconfundível sotaque, o gaúcho Thedy Corrêa, líder do Nenhum de Nós, sempre fez questão de valorizar a cultura do Rio Grande do Sul. No mais recente projeto da banda, o EP Doble Chapa, essa valorização foi um pouco além e ultrapassou a fronteira do estado, chegando no vizinho Uruguai. Em entrevista ao Morning Show nesta terça-feira (3), o músico falou mais sobre esse trabalho e sobre sua relação com a terra natal.

“Nós temos uma identidade regional grande. A Bahia, por exemplo, é muito ligada com a música africana. É natural para eles procurarem esse intercâmbio, procurarem um diálogo. É igual com a gente. A gente mora ali do lado, pertinho do Uruguai, da Argentina. Entendemos aquela linguagem. Entedemos aquela melodia. O Nenhum de Nós sempre buscou isso. Temos isso na nossa raiz. O rock argentino sempre esteve em mim. É muito fácil voltar para o oceano e buscar nossas influências anglo-saxônicas. Tudo bem, pode ser bacana, mas e a América Latina? Não somos menos brasileiros por nos inspirarmos neles. Por que não, se moramos ali? Eles recebem muito bem a música brasileira, e a música brasileira torce o nariz para a música latina. Teve uma época em que até cantar em espanhol era brega”, disse.

“Somos brasileiros e gaúchos com orgulho. Agora, me desculpem os gaúchos, mas tenho vergonha dessa ideia de separação. Acho legal a identificação. Em que outro lugar as pessoas sabem o hino de seu estado? Lá, quando toca nos estádios de fuetbol, todo mundo sabe cantar. Vem desde a escola. Isso é identidade. Mas alguns caras extrapolam. Nunca quisemos isso. Separar por que? Se acham melhores? Pelo amor de Deus”, criticou.

O próprio nome do EP faz referência a uma particularidade da região sul. Segundo o convidado, “doble chapa” era o nome dado aos trabalhadores que cruzavam a fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai com frequência para trabalhar ou fazer alguma outra atividade. Para evitar problemas e apreensões, seus carros tinham duas placas, uma brasileira e uma uruguaia. Ou seja, eram “doble chapa”. Com o tempo, a expressão passou a ser usada para chamar as pessoas que se identificavam com as culturas dos dois países. “Virou um símbolo nosso”, afirmou. 

O EP será lançado em São Paulo em apresentações marcadas para os dias 20 e 21 desse mês no Teatro J. Safra. O primeiro single, Uma Vida Ordinária, já está disponível nas plataformas digitais.

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