Mulher segue recebendo menos que o homem e sofre mais com o desemprego

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2017 11h05
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BOG101. CALI (COLOMBIA), 07/03/2017.- Un grupo de hombres observa a una mujer hoy, martes 07 de marzo de 2017, en una calle de Cali (Colombia). Lograr la igualdad de género en el trabajo es indispensable para el desarrollo sostenible. Apenas el 50 por ciento de las mujeres en edad de trabajar están representadas en la población activa mundial, frente a un 76 por ciento en el caso de los hombres. EFE/Christian Escobar Mora EFE/Christian Escobar Mora Homens observam mulher por rua de Cali

Um novo levantamento do Seade Dieese constata uma realidade que pouco muda no Brasil. Em 2016, a mulher continuou recebendo menos do que o homem e, em época de crise, sofreu mais com o desemprego.

A taxa de desocupação em São Paulo entre elas quase bateu os 19%, cerca de 4% a mais do que o índice que reflete o cenário masculino. E a regra nacional serve como parâmetro para diversos ramos.

Fernanda Cerávolo não foi contratada por uma agência porque revelou na entrevista que tinha uma filha de 11 meses, mas hoje é head do YouTube Brasil. “Apresente meu portfólio para o presidente da agência, eles adoraram, a conversa se estendeu por quase uma hora. No final eles perguntaram: ‘e a sua vida pessoal?’”. Quando revelou que tinha uma filha, Fernanda foi dispensada da entrevista.

A pesquisa ainda mostra que, no quesito instrução, 36% das mulheres em idade ativa tinham nível superior, contra 30% dos homens. Um dado que incomoda a empresária Alexandra Loras, ex-consulesa da França em São Paulo, porque escracha uma distorção. “Se saímos mais diplomadas, por que não estamos nesses cargos de liderança?”, questiona.

Alexandra e Fernanda participaram de um evento da editora Abril em São Paulo que discutiu o papel da mulher dentro das empresas e da mídia.

A atriz Taís Araújo admite que no início da carreira, apesar da boa formação escolar e familiar, tinha pouco senso crítico. “As pessoas faziam o que queriam comigo. Eu era o verdadeiro fantoche porque não fui educada nem preparada para falar, me expor. Eu fui silenciada”.

Ser mulher, negra e artista não é exatamente um papel fácil de exercer aqui ou lá fora. Impor-se no mundo dos negócios, dirigido por uma maioria de homens, também entra nessa lista. No showbiz, recentemente, a diferença salarial da Sony Pictures vazou. O ator Robert Downey Junior, maior estrela da companhia em par de igualdade com Jennifer Lawrence, ganhava bem mais que a colega. A atriz chiou publicamente.

No meio, há até um teste chamado Bechdel, que questiona se uma obra de ficção privilegia o papel da mulher, explica a cineasta Vera Egito, que roteirizou o filme Elis. “A pergunta um é: existe alguma personagem feminina com fala? Ela fala com outra personagem feminina durante o filme? 70% já caem nessa porque ela só falam com o protagonista, que é homem. Se sim, mas fala sobre algum assunto que não seja ‘homem’”?

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A diretora do canal GNT, Daniela Mignani, admite que recebe diversas críticas por abordar temas muito “plurais” na programação, que inclui a mulher em papel de destaque. “Mas isso não nos intimida”, diz.

Mas a discussão do papel da mulher na arte, na sociedade, no mercado de trabalho, que inclui o improdutivo fla-flu entre machismo e feminismo, segue firme.

A reforma na previdência, por exemplo, vai jogar mais luz ao tema nos próximos meses.

Apesar da dupla jornada de trabalho, da maior instabilidade no emprego e do menor salário, a mulher deve ser compensada com uma idade menor de aposentadoria? Ou a ideia acaba fortalecendo o papel tradicional da mulher, quando já passa da hora de rever essa divisão envelhecida dos papéis masculino e feminino?

Refletir sobre o tema é sempre um bom começo.

Reportagem de Carolina Ercolin

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