Neta do fundador da Riachuelo, Marcella Kanner foi responsável por firmar parcerias com Donatella Versace e Karl Lagerfeld

A Head de comunicação corporativa conta a história da marca desde a sua fundação, quando seu avô ainda criança deixou o sertão do nordeste atrás de algo maior, até os dias atuais com mais 40 mil funcionários e parcerias internacionais

  • Por Jovem Pan
  • 25/01/2021 18h00
Divulgação Marcella Kanner é Head de Comunicação Corporativa e de Marca da Riachuelo

A convidada do programa “Mulheres Positivas” desta segunda-feira, 25, é a head de Comunicação Corporativa e de Marca da Riachuelo, Marcella Kanner. Neta do fundador da Riachuelo, Marcella relembra a origem da marca. Nevaldo Rocha nasceu em Caraúbas, no interior do Rio Grande do Norte, e com 12 anos fugiu de casa para poder seguir seus sonhos em Natal. Na capital potiguar, Rocha pediu ajuda ao governador, que ficou impressionado com a história do garoto e arrumou um emprego para ele. O futuro empreendedor começou a trabalhar em uma loja que vendia artigos para os soldados norte-americanos instalados em Natal durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, o dono da loja voltou a Fortaleza e vendeu seu comércio para Nevaldo a “preço de banana”. Em 1952, a marca Riachuelo nasceu. “Ele sempre falou que saiu de casa em busca de emprego e, durante sua vida, gerou 40 mil. É o que o moveu a vida inteira: gerar empregos. E é isso que eu acho que a gente tem que honrar”, relata Marcella. O fundador da marca faleceu em junho de 2020, aos 91 anos. Em conversa com a apresentadora Fabi Saad, ela conta sobre sua trajetória, a relação com o avô e novos projetos, como o Instituto Riachuelo.

Para honrar a história da família, ela viajou em novembro de 2020 ao Nordeste para tirar o Instituto Riachuelo do papel. “A gente foi para quatro cidades e três zonas rurais. E, em todos os locais, fomos recebidos com música. Existe uma valorização muito grande da cultura. Estamos muito focados no instituto, em trabalhar essa parte de geração de emprego e renda, mas a gente saiu com a clareza de que não dá para não passar pela cultura, porque é muito importante para eles”, diz Marcella. A Riachuelo já tem um projeto de oficinas de costura no sertão em parceria com o Sebrae e com a Fiern-RN. “É um lugar que tem pouca economia, pouca opção de trabalho, e a costura tem funcionado muito bem. Durante a pandemia foi muito bacana, porque não são só oficinas que trabalham para a Riachuelo, mas oficinas que trabalham para muita gente. Foi uma preocupação nossa sobre como eles iriam se manter nesse período, sobreviver mesmo”, conta.  “Acho que o assistencialismo é importante e, em alguns momentos, tem que acontecer, sim. Inclusive, tem regiões do Brasil que não acontecem sem um Bolsa Família. Ao mesmo tempo, o dinheiro que [a pessoa] conquistou e trabalhou, é outra coisa. É dignidade, muda a vida”, afirma a head.

Trajetória de Marcella Kanner na Riachuelo

Uma dica de Marcella para outras mulheres é estar sempre aberta a aprender. “Antigamente, a gente achava que o aprendizado vinha em apenas uma época da vida. E eu vi que não é assim”, conta. Foi na pandemia que ela saiu da área de marketing para migrar para o lado de governança da Riachuelo. “Mesmo no marketing, onde eu fiquei dez anos, do dia em que eu entrei até o dia em que eu saí, 100% dos conceitos mudaram. Tudo mudou. Então, se você não tiver essa humildade de entender que, se não se atualizar, você vai dançar, não tem como ser uma pessoa atualizada no mercado”.

A carreira de Marcella foi cheia de desafios, como negociar com a Donatella Versace. Na época, era a primeira colaboração internacional da Riachuelo e também a primeira vez que a Versace trabalhava com uma marca brasileira. Quando viu a coleção pronta, ela conta que a imagem que veio a sua mente foi a do menino que saiu de Caraúbas para bater na porta do governador. Na época do lançamento, a neta de Nevaldo estava internada para o nascimento do primeiro filho. Por isso, ela foi de cadeira de rodas assistir ao desfile da coleção. Além da Versace, a executiva também fechou parceria com o estilista Karl Lagerfeld. Mãe de três meninos, Marcella encontrou prazer no home office: conseguir almoçar e jantar com os filhos todos os dias. “Hoje eu não consigo imagina fazer diferente”, desabafa. “Acho que não é sobre ser supermulher, é sobre entender que em um dia você vai ser supermãe e, no outro, super do trabalho. E está tudo bem.”

Dicas da Marcella

Livro: “Capitalismo Consciente” e “O Clube das 5 da manhã;

Uma Mulher: Cidinha Fonseca, Conselheira da Riachuelo;

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.