Na América Latina, Brasil é o que mais mata ativistas ligados ao meio ambiente e direitos humanos
Índios suruís vivem na Terra Indígena Sete de Setembro
Índios suruís vivem na Terra Indígena Sete de SetembroA execução do secretário do Meio Ambiente de Altamira, no Pará, mereceu uma extensa reportagem no jornal britânico “The Guardian”, nesta semana.
O motivo? Tudo indica que o assassinato de Luiz Araújo, morto a tiros na porta de casa, sem que os bandidos levassem nenhum de seus pertences, é mais um episódio na guerra em que fazendeiros, agricultores sem-terra, índios, grilheiros e posseiros entram em colisão.
Todos se achando donos da razão e usando o fogo e a bala como argumento.
O conflito agora dá ao Brasil a primeira colocação em um ranking nada prestigiado: o dos países da América Latina que mais matam ativistas ligados ao meio ambiente e à defesa dos direitos humanos.
De janeiro de 2015 a maio de 2016 pelo menos 74 ativistas ligados ao meio ambiente e a defesa dos direitos humanos foram assassinados por aqui.
Os dados são de um relatório divulgado nesta terça-feira pela Oxfam, uma ONG que congrega diferentes organizações não governamentais.
O procurador federal no Pará, Ubiratan Cazetta contou que Luiz Araújo travou diferentes batalhas à frente da pasta do Meio Ambiente de Altamira. Mudou a forma como a coleta seletiva da cidade era feita, tratou com rigidez a exploração mineral e o desmatamento e levou adiante denúncias que incluíam até a construção de Belo Monte.
Cazetta também chamou a atenção para o fato de que a execução do secretário traz um novo capítulo à violência da região.
Uma das entidades que auxiliou no levantamento sobre a execução de ativistas no Brasil foi a Pastoral da Terra.
Embora não exista estudos anteriores para comparar os dados, Jeane Bellini, que integra a coordenação da Pastoral, disse que o número de mortos vem crescendo. E credita isso também a uma relação questionável entre o Estado e a iniciativa privada.
Na conta dos assassinatos no Brasil estão as mortes de líderes indígenas, ambientalistas e trabalhadores rurais sem terra. Somente no ano passado, dos 185 ativistas mortos em todo o mundo, 50 ocorreram no Brasil.
*Informações da repórter Helen Braun
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