“Não sei se o Brasil está pronto para lidar com as mudanças que a Argentina vai fazer”, diz embaixador

  • Por Jovem Pan
  • 23/11/2015 11h16
Segundo turno foi entre Macri e Scioli Efe Macri é eleito presidente da Argentina

 A Argentina elegeu Maurício Macri como novo presidente, encerrando a era Kirchner, que já durava 12 anos. O opositor foi eleito com a promessa de unir os argentinos e reaquecer a economia do país.

Sobre os efeitos no Brasil das eleições na Argentina, o embaixador e diretor das FAAP, Sérgio Amaral, afirma: “Acho muito positiva a eleição do Macri para o Brasil, já que ele considera as relações entre os países uma prioridade estratégica do seu governo. Ele fará profundas modificações no plano externo e interno”.

Na economia é esperada uma maior liberação que poderá facilitar as exportações. Sobre essa questão o embaixador afirma: “Ele poderá eliminar muitas das restrições que a Argentina impunha para a exportação de produtos brasileiros”. Com isso, produtos que tinham muitos impostos, como o trigo, serão beneficiados.

Outro ponto de destaque com a eleição de Macri será o posicionamento do país no Mercosul que, segundo Amaral, será uma grande oportunidade para o Brasil e também um desafio: “A Argentina vai negociar seus contenciosos com o setor financeiro internacional, está disposta a pôr em ordem sua economia e vai valorizar o Mercosul. Essa é uma caminhada na direção correta e será um estímulo para aumentarmos a nossa competitividade”. Para o embaixador, não é ruim uma relação de competitividade, e o que realmente atrapalha são os entraves, como os impostos.

O embaixador chama atenção para uma possível saia justa que o Brasil poderá enfrentar com o novo governo: “A Argentina invocará a cláusula democrática do Mercosul em relação à Venezuela, se houver fraude na eleição. Isso poderá colocar o Brasil em uma sinuca, já que terá que escolher entre a nova Argentina, com a afirmação da democracia, com base de mercado, e a Venezuela, que está cada vez mais isolada na nossa região”.

Em uma análise geral, Sérgio Amaral afirma que o país deve tentar acompanhar as mudanças do vizinho: “Eu sempre acreditei no Mercosul, não acho que seja uma opção, é uma necessidade, um destino. E o Mercosul não podia avançar com a Argentina colocando cada vez mais restrições na exportação. Só não sei se o Brasil, que reclamou com razão do fechamento da economia argentina, está em condições de acompanhar as mudanças que o país vai fazer, que estão na direção correta”.

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