“O atual governo quebrou o estado brasileiro”, diz Armínio Fraga

  • Por Jovem Pan
  • 14/12/2015 09h19
RIO DE JANEIRO, RJ, 18.06.2015: ARMÍNIO-FRAGA - O economista Armínio Fraga durante entrevista em seu escritório no Rio de Janeiro. (Foto: Ricardo Borges/Folhapress) Ricardo Borges / Folhapress Armínio Fraga

 Para o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o atual governo é responsável pela atual crise financeira: “Além da roubalheira, tem muita incompetência na raiz desses problemas”. Para ele, uma mudança na estratégia política e econômica poderia reverter a situação, porém isso depende de liderança e visão política, que não são encontradas na confusão que o país vive.

Fraga defende que a situação econômica não é irreversível, mas que para resolver, é preciso fazer uma grande reformulação: “A economia não está perdida. Nós brasileiros criamos problemas e podemos resolver. Na raiz de tudo está a necessidade de se repensar o estado. O atual governo quebrou o estado brasileiro. Hoje temos que repensar isso quase da estaca zero”.

Sobre como o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff poderia ajudar o país a sair da crise, o economista diz: “O impeachment seria um possível caminho, dentro das regras do estado de direito. Se ocorrer de fato, pode ser que surja no Brasil um movimento mais coeso, em que grupos podem se juntar e pensar a longo prazo. Com 30 partidos parece que o Brasil está sem dono, ninguém pensa a longo prazo”.

Caso o governo permaneça até o final do mandato, Fraga diz que as chances de melhora são escassas: “Acho difícil o atual governo resolver o assunto, posto que eles estão aí há muito tempo, tiveram todas as chances e não mostraram entendimento ou desejo de ir fundo nas causas. Se não houver impeachment, as chances de uma guinada na economia são menores”. O economista também diz que, mesmo se ocorrer o impeachment, para resolver a situação é preciso um acordo político em cima de uma agenda que seja cumprida.

O ex-presidente do Banco Central critica a falta de investimentos feitos no país: “O que está acontecendo com a infraestrutura do Brasil, com as estradas, portos, energia, é problema de planejamento. São áreas em que deveriam estar investindo muito, mas falta visão”.

Ao ser questionado sobre o que faria se estivesse hoje na presidência do Banco Central, o economista afirmou a importância do trabalho do ministro da Fazenda: “O Banco Central sozinho não faz milagre. É necessário dimensionar a questão, a parte que o ministro da Fazenda pode fazer nesse momento. Existe uma crescente consciência da necessidade de consertar as coisas. Cabe ao ministro mostrar a gravidade da crise, o que é mais difícil porque ele trabalha para a principal pessoa ou corresponsável pelo que esta aí. Está com as mãos amarradas. Um ministro independente podia abrir mais o jogo e mostrar o que está acontecendo”.

Confira a entrevista completa no Jornal da Manhã, em que Fraga também falou sobre CPMF e repatriação.

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