O chefe do Petrolão ainda não está na cadeia
Reinaldo, o chefe do Petrolão está na cadeia?
Ministério Público, Polícia Federal e, depreende-se do despacho, juiz Sergio Moro afirmam que José Dirceu era um dos instituidores e chefes do petrolão. Ainda que isso requeira, na hora do julgamento, a apresentação de provas contundentes, levante a mão quem duvida. Há muitos anos, ele nasceu para liderar, não é mesmo? De certo modo, poder-se-ia escrever a versão de esquerda de um conto de Jean-Paul Sartre — leiam quando houver tempo — chamado “A Infância de um Chefe”, com a diferença de que o Zé nunca muda de lado. Assim, o Zé na chefia sempre pega bem. E todos vão aplaudir. Mas aí me ocorre uma coisa.
Como é que o Zé poderia ser o chefe do mensalão, do petrolão e de quantos aumentativos sejam usados para assaltar a República e o Estado de Direito se o Zé não era o chefão verdadeiro do PT? A menos que apareça de novo aquela notável personagem para se dizer “traída”, falta alguém — alguéns? — para lhe fazer companhia, não é mesmo?
Dizem as autoridades investigadoras e a que mandou prender que, mesmo na cadeia, o Zé continuava a receber vantagens oriundas do petrolão, que, então, funcionava como uma organização criminosa aboletada no estado brasileiro. Obviamente, não duvido disso. Ao contrário: tenho a certeza disso. Essa era a natureza do mensalão. Essa era a natureza do petrolão, com o Zé na chefia ou não.
Mas será mesmo possível que essa máquina criminosa se assenhoreasse do estado brasileiro sem que o comando da máquina partidária se desse conta, sem que, afinal de contas, o chefe — quem realmente manda — tivesse noção?
Cuidado! Vamos ficar atentos! Não é só isso, não. Então a máquina que, diz-se, tinha o Zé no comando operava mesmo com ele em cana, em razão da condenação do mensalão, mas o governo ele mesmo não sabia de nada?
O Estado de Direito não pode se contentar com a cabeça de José Dirceu. Se ele fica bem como um dos chefes do mensalão, e poucos vão duvidar disso, supor que era “o” chefe do petrolão beira o ridículo. Numa outra dimensão, resta a Dilma dois papéis: 1 – sempre soube de tudo e se omitiu ou foi conivente; 2 – na Presidência, é uma pomba lesa, incapaz de livrar o estado das mãos do crime organizado.
Em qualquer das duas hipóteses, não tem condições de exercer a sua função. Se não for por causa dos crimes que pratica, é por causa dos crimes que deixou e deixa de combater por absoluta inapetência.
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