Conheça a “voz do repita” da JOVEM PAN

  • Por Jovem Pan
  • 03/10/2014 14h25

Roberto Muller Cardoso, 59 anos, acumula cerca de 40 anos de carreira no rádio brasileiro. Hoje, ele é dono de uma das vozes do Jornal da Manhã da Rádio Jovem Pan e se orgulha da receptividade do público. O tradicionalíssimo ‘repita’, dito depois de informar a hora todas às manhãs, tornou-se uma marca, também, do locutor. “Eu acho [o repita] uma marca tremenda. As pessoas falam, brincam… Aonde eu chego, muitas festas que eu vou. [As pessoas falam]  ‘chegou o repita, fala repita’, eles querem que eu diga repita”.

Muller começou sua vida profissional como contador. A primeira oportunidade como locutor surgiu na Rádio Clube Santo André, onde conheceu Antônio Camargo Del Fiol, a quem menciona como referência em radialismo. Grato pelo aprendizado que teve nos anos em que trabalhou ao lado do “mestre”, Muller não hesita em dizer que o melhor ‘repita’ era o dele.

O currículo de Muller impressiona. Em tom orgulhoso, ele ressalta a experiência que adquiriu com as passagens por rádios como Gazeta, Diário do Grande ABC, América, Trianon e Scalla. Sempre apresentando o noticiário das manhãs, o horário nobre do rádio.

Sua contratação na JOVEM PAN aconteceu em 1995, com a ajuda de Antônio Del Fiol. “O Del Fiol já tinha me arrumado três vezes para trabalhar na PAN. O Zé Pereira [José Carlos Pereira, diretor de jornalismo] brinca ‘não, você nunca esteve aqui. Eu já estive sim, mas a gente não acertou na época’”.

Cuidados com a voz

Com tantos anos de trabalho com a voz, o locutor revela que não faz nenhum exercício especial ou treinamento para mantê-la sempre com a qualidade exigida pelo mercado. “Eu sou irresponsável com a minha voz, eu fumo para caramba. É lógico que estoura a voz. Mas é o único vício que eu tenho”, afirma ele, pouco antes de lembrar de uma outra paixão. “Torço para o Corinthians também, que é outro vício”.

O corintiano, em tom de brincadeira, fala que fica “P” da vida ao ter que dar a notícia da derrota do Timão. “Eu acho que o ouvinte que é corintiano percebe, né?”, explica.  Não por acaso, Muller afirma que a melhor notícia que ele teve a chance de apresentar na rádio foi quando o Corinthians sagrou-se bicampeão do mundo em 2012. “Acabou o jornal e eu fui pular na [Avenida] Paulista. Tenho fotos, eu embrulhado em bandeiras do Corinthians, eu fui no meio da galera”.

Com um tipo de voz característico do rádio e a paixão pelo futebol, é claro que Muller se aventurou nas narrações na década de 1980. “Pouca gente sabe, parei porque quis, na Rádio Diário do Grande ABC”, afirma. Segundo ele, o último jogo narrado foi justamente do maior rival, o Palmeiras.”Eu parei em 1984 no jogo Santo André, 1, Palmeiras, 0. Fechei com chave de ouro, no [estádio] Bruno Daniel.”

Sua saída do mundo esportivo não foi por falta de oportunidades. Em sua passagem pela Rádio Gazeta, Muller teve a chance de conhecer o narrador Pedro Luiz Paoliello, considerado por muitos o mais perfeito narrador de futebol de todos os tempos. Nas palavras de Muller: “um monstro”. “Foi muito gratificante trabalhar com o Pedro, foi fantástico”, diz.

Ainda época do programa Disparada do Esporte, Pedro Luiz o chamou para fazer plantões de fim de semana.  “Eu o chamava de Seu Pedro, ‘Seu Pedro, eu já narrei futebol’, ele falou assim ‘traz a fita, eu vou colocar você em uns joguinhos’”, lembra. “Eu não quis, eu achava que a Rádio Gazeta era muito grande para eu narrar futebol”, revela.  

Gerações no microfone

Nessas quase quatro décadas, nem sempre as notícias foram alegres. O locutor lembrou do “jornal mais triste” que realizou. Era a cobertura da morte de Tancredo Neves, em 1985. “Eu tenho certeza que foi a notícia mais triste pela comoção, pela doença do Tancredo, ficou aqueles dias todos. (…) A gente contou a história toda, os 40 e tantos dias que ele ficou [internado]”.

Apesar de ter que lidar constantemente com notícias desse tipo. O locutor diz não se arrepender de escolher a vida de radialista. A troca, segundo ele, foi de um trabalho de contabilidade que chama de “inferno” para o radialismo, que ele define como “minha vida”.  “Eu faria tudo de novo, não mudaria nada, nenhuma vírgula porque o rádio me deu tudo que eu tenho”, diz.

Para a sorte dos ouvintes, Muller transmitiu seus genes radialísticos para seu filho, Leonardo Muller, que aos 12 anos já era operador de som em uma rádio e teve, mais tarde, a oportunidade de falar no microfone. Seu professor não poderia ser outro, no começo de carreira, Muller pai enchiia o Muller filho de dicas de locução. “Eu ficava ouvindo muito o Leonardo e, quando ele errava, eu já pegava o telefone, ele no ar, e falava ‘Léo, o que você fez aí, bicho?”, lembra. “Eu tinha essa preocupação de orientá-lo. Mas hoje que ele está me superando. Eu acho que ele interpreta muito bem”.

 

 

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