“Os Estados Unidos precisam do Irã na região”, diz especialista
O fim das sanções econômicas contra o Irã trará mudanças na geopolítica do Oriente Médio e pode derrubar ainda mais o preço do petróleo em todo o mundo. O país, que é alvo da medida desde 1979, conseguiu se livrar do embargo após assinar um acordo com os Estados Unidos e outras potências europeias.
No sábado (16/01) quatro prisioneiros americanos foram libertados no Irã, um ato retribuído pela Casa Branca no dia seguinte. O presidente Barack Obama, um dos maiores defensores do acordo nuclear, declarou que o mundo a partir de agora ficará mais seguro: “Os Estados Unidos nunca tiveram medo de buscar a diplomacia com os seus adversários e estamos vendo os resultados. O Irã não terá a possibilidade de fazer uma bomba nuclear. O Oriente Médio, os Estados Unidos e o mundo inteiro ficarão mais seguros”. Obama afirmou que forçou o Irã a libertar os americanos presos usando apenas a diplomacia, sem iniciar uma nova guerra na região.
Na visão de Reginaldo Nasser, professor de relações internacionais da PUC São Paulo, o acordo nasce de uma mudança ocorrida no Oriente Médio: “O acordo é consequência da mudança geopolítica, nesse contexto de primavera árabe e principalmente de guerra civil da Síria, instabilidade no Iraque, fortalecimento do Estado Islâmico, que é inimigo do Irã. Os Estados Unidos precisam do Irã na região. É bom lembrar que os Estados Unidos apoiam o governo do Iraque que é um governo xiita, que também é poiado pelo Irã”.
Outro cenário que surge com o fim das sanções é a maior presença do Irã no mercado internacional do petróleo e a queda no preço do barril. O professor de relações internacionais da UnB, Alcides Costa Vaz, ressalta ao repórter Victor LaRegina, as repercussões econômicas da decisão: “De forma imediata, o desbloqueio de ativos financeiras do Irã, terá um efeito positivo de curto prazo na economia do Irã. Agora, ocorre também, e vai reforçar essa tendência, a manutenção de preços do petróleo em patamares baixos, abaixo dos US$ 30 como está agora”.
Analistas aguardam a reação da Arábia Saudita, principal parceira do Ocidente na região, que iniciou uma crise diplomática com o Irã há duas semanas. Outro adversário de Teerã no Oriente Médio, Israel classificou o acordo como um erro histórico e disse que vai continuar monitorando o país persa.
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