‘A lei não é para ressocializar, é para punir’, diz relator do pacote anticrime
O relator do pacote anticrime no Senado, Marcos do Val (Cidadania-ES), defendeu, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que a lei não deve se preocupar em ressocializar os criminosos. “A lei não é para ressocializar, é para punir”, afirmou nesta quinta-feira (4).
O parlamentar usou o exemplo dos Estados Unidos para defender a proposta do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “No Brasil, temos uma lei do coitado, sempre querendo dar chances e possibilidades. Nos Estados Unidos, temos escola para todo mundo, emprego para todo mundo, e tem a maior população carcerário do planeta”, explicou. “Se a gente tem uma legislação que sempre dá oportunidade e chance, as pessoas ficam com a sensação de impunidade”, continuou.
Marcos do Val também defendeu que o país deve construir mais presídios. “Outro erro é achar que não é necessário construir presídios. Por falta de espaço nos presídios, o Judiciário acabando dando penas alternativas”, avaliou. “Os presídios sucateados acabam realmente virando uma faculdade do crime.”
O congressista, no entanto, reconheceu que o Brasil é um país que prende muito. “Hoje a gente prende muito, mas de forma errada”, explicou, dizendo que boa parte dos detidos cometeram pequenos crimes. “Precisamos prender os que cometem crimes pesados”, disse, citando os crimes de corrupção como exemplo.
Ameaças
Nesta quinta, Marcos do Val relatou que duas pessoas armadas foram flagradas rondando sua casa em Vitória, no Espírito Santo, no fim de semana. Segundo ele, as ameças contra ele e sua família têm sido constantes.
“Quando fui anunciado relator [do pacote anticrime], comecei a receber e-mails ameaçando a minha integridade física e da minha família”, contou. O parlamentar disse que as mensagens detalhavam até os hábitos e horários da irmã dele.
O senador está recebendo segurança especial da Polícia do Senado, da Polícia Civil de Brasília e da Casa Militar do Espírito Santo. No último e-mail em que recebeu, do Val disse que o criminoso deixou claro que as ameaças eram por causa do projeto de Moro. “No último e-mail enviado, a pessoa que ameaça deixa claro que é por conta do pacote anticrime, que se o pacote for aprovado, a execução é certa.”
Marcos do Val, no entanto, não se abala com as ameaças. “É o preço que a gente paga para mudar a trajetória do país”, afirmou. “Se o crime organizado está incomodado, é porque o pacote vai fazer efeito”, concluiu.
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