‘Encarceramento sem dar porta de saída não deu certo no Brasil’, diz chefe prisional do AM

  • Por Jovem Pan
  • 28/05/2019 19h36 - Atualizado em 28/05/2019 19h37
Divulgação O tenente-coronel Marcus Vinicius Oliveira de Almeida é o responsável pelos presídios no Amazonas

O Secretário de Administração Penitenciária do Amazonas, tenente-coronel Marcus Vinicius Oliveira de Almeida, afirmou nesta terça-feira (28), em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que o Brasil precisa repensar seu modelo prisional. Almeida é o responsável pelos presídios de Manaus onde 55 detentos foram mortos nos últimos dois dias.

“A visão de encarceramento sem dar porta de saída não deu certo no Brasil”, afirmou o tenente-coronel. Ele criticou o que chamou de “visão proselitista” sobre a reinserção de presos na sociedade. “Cerca de 65% dos presos nas nossas unidades prisionais são semi-analfabetos. Como vou inserir esse cara no mercado de trabalho?”, afirmou.

Almeida defendeu que a educação seja reforçada não só para os detentos saírem das prisões com chances de voltar à sociedade, mas para que eles sequer cheguem a ser presos. “Temos que melhorar a educação antes de que ele entre no sistema prisional”, disse. Ele ainda elogiou a gestão de Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Estou vendo a gestão atual com responsabilidade e nível técnico muito grande, com entendimento de que os estados precisam de apoio com urgência”, destacou.

Crise

O tenente-coronel Marcus Vinicius Oliveira de Almeida também comentou sobre as mortes que aconteceram nos presídios de Manaus. Ele afirmou que os confrontos foram causados por um racha na facção que controla as cadeias. “Os dados de inteligência mostram que houve um racha nesse grupo, o que desencadeou a disputa interna pelo poder”, disse.

O secretário explicou que as mortes aconteceram, em sua maioria, por asfixia. “Eles se mataram se estrangulando”, contou, também ressaltando que escovas de dentes foram transformadas em armas brancas.

Segundo Almeida, o cenário é muito diferente do massacre que aconteceu no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, em 2017. Naquele ano, 56 detentos foram mortos em uma guerra de facções.

“Não tivemos reféns, rebelião, facas, decapitações. Foi um evento muito diferente”, afirmou. Ele ainda destacou a importância do Grupo de Intervenção Penitenciária, formado pela Polícia Militar e pela Secretaria de Administração Penitenciária do estado. “Anteriormente, a Polícia `Militar demorava até 1 hora para chegar ao evento. Neste evento, chegamos em 3 minutos”, disse.

O tenente-coronel também agradeceu a ajuda do ministro Sergio Moro, que enviou a Força-Tarefa de Intervenção Prisional e a Força Nacional para Manaus, e afirmou que a aprovação do pacote anticrime teria ajudado muito a operação. “O Brasil precisa avançar na segurança pública.”

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