Para Mourão, Bolsonaro pode trocar vice para obter êxito em reeleição

Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que é ‘ator coadjuvante’ e que chega ao final do ano ‘num ambiente extremamente positivo’

  • Por Jovem Pan
  • 16/12/2019 18h31 - Atualizado em 16/12/2019 19h06
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Adnilton Farias / VPR mourão Vice-presidente foi diagnosticado com o novo coronavírus em dezembro

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (16) em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, que não vê problemas em o presidente Jair Bolsonaro trocar de vice por uma suposta reeleição nas eleições de 2022.

“Tenho como uma questão muito clara: se o presidente Jair Bolsonaro concorrer à reeleição e, na composição política para obter êxito, ele precisar chamar outro nome, não tem nenhum problema nisso aí”, afirmou Mourão. O outro nome que tem sido ventilado em setores do governo e também pela imprensa pode ser o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, mas Mourão garante que isso “não é motivo de preocupação”.

“Essa questão de quem será vice numa eventual reeleição do presidente é algo que a turma deve estar com bola de cristal olhando pra isso. Sou um ator coadjuvante nessa película onde o presidente Bolsonaro é o ator principal. Se precisar de outro político, outro partido, ele tem livre arbítrio para isso. Isso não me preocupa”, garantiu.

O vice também comentou como tem sido seu relacionamento com o presidente ao longo do primeiro ano de governo. “O que ocorreu no começo do governo foi que alguns atores procuraram exercer algum tipo de influência no relacionamento do presidente com o seu vice. Isso é algo que deve ser levado numa sintonia muito fina para que não dê margem a interpretações. Tenho procurado conduzir dentro daquilo que aprendi ao longo de 46 anos de vida militar como princípio da lealdade. E, dessa forma, fomos construindo esse trabalho e chegamos ao final do ano num ambiente extremamente positivo”, avaliou Mourão.

Ditadura militar e AI-5

O vice-presidente ainda declarou que as falas de importantes atores do governo Bolsonaro, como o filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possibilidade de um “novo AI-5” são “fora da realidade do que se vive no Brasil”. Para ele, as falas foram descontextualizadas e o Ato Institucional nº 5 e a ditadura militar devem fazer parte “da evolução histórica e política do Brasil, apenas isso”.

Mourão ainda comentou que não analisa o período como uma “ditadura clássica”. “Sempre se coloca como uma ‘ditadura militar’, mas eu vejo como um período onde presidentes militares se alternaram usando instrumentos autoritários. Vejo que esse período deve ficar na mão dos historiadores, e a história será cada vez mais bem contada e explicada com o passar dos anos. Nosso governo tem uma simpatia com os fatos que aconteceram naquele período e pela tarefa que foi feita para se enfrentar o que era o comunismo.”

2020 das reformas

Na entrevista, Mourão projetou as principais reformas que deverão ser prioridade do governo no próximo ano. “Destaco concessões, privatizações, reforma administrativa e tributária como pontos que temos colocar como prioridade em 2020”, afirmou. Ainda no entendimento do vice de Bolsonaro, é fundamental manter o ritmo das reformas.

“Não resta dúvida, e o segmento da sociedade civil que acompanha com maior intensidade a situação econômica já compreende há algum tempo, que nós temos dois grandes problemas estruturais: o déficit das contas públicas e o problema da baixa produtividade. O déficit já tem sido a ser atacado com a reforma da Previdência e a reforma administrativa, que deve ocorrer no próximo ano. E a produtividade poderá ser melhorada com concessões e devemos atrair mais investimentos privados.”

O vice-presidente também manifestou seus desejos para o próximo ano de governo. “Espero que a gente consiga manter clareza, determinação para levar avante as reformas necessárias, que tenhamos toda a paciência necessária para negociar com os representantes do Congresso. E que consigamos levar e melhorar as questões sociais do Brasil para que nossa população se sinto mais acompanhada e apoiada e tenha mais crença em nosso governo.”

Confira a íntegra da entrevista:

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