‘Era para ser uma transição, mas virou uma crise ambulante’, diz Trindade
Comentarista do programa Os Pingos Nos Is analisou declarações do petista durante discurso na COP27, dizendo que o mercado sabe que o próximo governo ‘está pensando na gastança’
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, teve dia de forte oscilação e o dólar disparou na abertura do mercado nesta quinta-feira, 17. Os investidores reagiram a um discurso feito pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticando o teto de gastos e ao anúncio da minuta da PEC da Transição, chamada também de PEC da Gastança. Lula dobrou a aposta da oposição entre a responsabilidade fiscal e social, contrapondo o pagamento dos juros da dívida pública com os gastos com educação e saúde. Depois, zombou do pânico no mercado. “Se eu falar isso vai cair a bolsa e aumentar o dólar. Paciência. Porque o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas sim por conta dos especuladores. Nós temos que cumprir meta de inflação sim, mas temos que cumprir meta de crescimento, temos que ter algum compromisso de geração de empregos. Se não, como é que você vai fazer com que a riqueza seja distribuída”, disse Lula. Há pouco, Guido Mantega renunciou à equipe de transição. Em carta, ele apontou uma suposta intenção de adversários de tumultuar e criar dificuldades para o novo governo como uma das razões para o seu afastamento.
Durante sua participação no programa Os Pingos Nos Is, da Jovem Pan, desta quinta, o comentarista José Maria Trindade analisou a situação, dizendo que a transição virou uma crise e que o mercado está ‘fugindo’ porque sabe que o futuro governo “está pensando na gastança”. “Era para ser uma transição, a formação de um futuro governo. Mas está sendo uma crise ambulante. Primeiro, disputa por espaço. Sedentos, petistas estão reclamando de falta de espaço no futuro governo. Dizem que Alckmin está comandando, que o MDB está entrando demais e querem mais espaço na formulação do futuro governo e, principalmente, pensando nos ministérios e cargos públicos. Esta é apenas a primeira crise. A segunda é que, nessa fala ai, é que, nessa fala de hoje, até aliados do presidente eleito reclamaram, dizendo que ele não tinha que ficar falando em metas econômicas, mas sim discutir a política ambiental. […] Mas não falasse de economia. O que está se formando é uma história de que o governo chegou para gastar. Essa irresponsabilidade tem preço e é caro. Já vi presidentes zombarem do mercado financeiro, dizendo ‘eles fazem crise, ganham dinheiro e vão comprar alfafa’, isso gerou uma crise ainda maior. Hoje não há como fugir, há uma interligação e o mercado é inteligente, anda na frente da política e até do Executivo, sabe o que vai acontecer lá na frente. Ninguém joga dinheiro pela janela. Não é à toa que fugindo das bolsas, é porque sabem que o futuro governo está pensando na gastança”, disse o comentarista.
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