‘Foi um ano para a Lava Jato mostrar resiliência e se superar’, diz Dallagnol

  • Por Jovem Pan
  • 25/12/2019 18h00
RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Deltan Dallagnol O procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba

O procurador Deltan Dallagnol considera que, apesar do fim da prisão em segunda instância, a Operação Lava Jato se superou ao longo deste ano. Em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, o procurador da República e coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba afirmou que também houve um sentimento de resiliência na equipe.

“Esse foi um ano que a equipe da Lava Jato teve a oportunidade de mostrar resiliência, perseverança e também se superar. Tivemos o maior número de acusações já feitas pela operação. Foram 29 acusações apenas em 2019, nosso recorde era de 21. Tivemos o maior valor recuperado aos cofres públicos com mais R$ 1 bilhão. Podemos destacar muitos aspectos, mas mostramos resiliência e continuamos fazendo nosso trabalho mesmo diante das dificuldades”, garantiu o procurador.

Para ele, o fim da prisão em segunda instância, determinado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro, foi uma das principais dificuldades enfrentadas.

“O fim da prisão após condenação em segunda instância foi, sem dúvida, o pior dos retrocessos, mas também tivemos as decisões do Supremos que determinaram a remessa para a Justiça Eleitoral de crimes que envolvam corrupção, a lei de abuso de autoridade, o esvaziamento do projeto anticrime do ministro Sergio Moro, além de outra decisão do Supremo sobre réus delatados e delatores e a suspensão por cinco meses das investigações envolvendo o Coaf e a Receita Federal”, listou Dallagnol.

No entendimento do coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o ano de 2020 não será fácil diante das decisões citadas por ele. “Precisamos ser realistas, vai ser ainda mais difícil nos próximos anos devido a essas decisões. Nós, brasileiros e servidores públicos, não podemos desistir e devemos perseverar se queremos vencer esse mal da corrupção”, declarou.

Dallagnol também comentou a fala do ministro Dias Toffoli sobre os “danos” que a operação causou nas empresas investigadas. Para Toffoli, a Lava Jato “destruiu empresas”. O procurador, no entanto, afirma que a força-tarefa precisa atingir a “raiz do problema”.

“Se a gente não tirar o parasita da corrupção, nunca vamos avançar como país. Pode até existir turbulência em razão desse momento, mas devemos aplicar a lei. Devemos aplicar a lei. Essa é a grande mensagem da Lava Jato. Uma mensagem republicana.”

Aplicativo de mensagem hackeado

Dallagnol comentou também as divulgações de supostas mensagens obtidas através de hackers divulgadas na imprensa ao longo do ano. As conversas envolviam procuradores da República, autoridades do governo e até o ministro da Justiça e Segurança Pública.

“Todos os atos praticados na Lava Jato estão fundamentos nos processos. Temos plena confiança no trabalho que fizemos e o limite das conversas jamais foi ultrapassado. E o que percebemos quando olhamos para essas mensagens e reportagens foi que houve sensacionalismo para deturpar a realidade”, disse.

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