Ministro diz que não falta dinheiro para a saúde e revela: “há 40% de leitos vagos”

  • Por Jovem Pan
  • 21/11/2017 20h13 - Atualizado em 21/11/2017 20h24
José Cruz/Agência Brasil José Cruz/Agência Brasil Barros revelou que existem 6 mil hospitais no Brasil, mas que, nas suas contas, apenas 1.500 resolveriam o problema da saúde pública do País

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou, em entrevista exclusiva à Jovem Pan, que não falta dinheiro para a saúde pública, que já economizou R$ 4,4 bilhões. De acordo com ele, todo esse montante será reaplicado no setor e relembrou a obrigação constitucional de investimento de 15% dos recursos do País para a área.

“Absolutamente não falta recurso pra saúde. Nós não pediremos mais recurso pra saúde enquanto não tivermos a certeza que o recurso que está à disposição é bem gasto. A economia de R$ 4,4 bilhões que nós fizemos e 21 bilhões de compras já demonstra que é possível fazer mais com o mesmo recurso, e é isso que nós temos feito insistentemente. Então, até recentemente foi divulgado que nós queremos reviver a farmácia popular pra economizar R$ 700 milhões que serão reaplicados em mais recursos pra saúde.”, contou o ministro.

De acordo com o Barros, com relação às farmácias, os preços de remédios serão reajustados oferecendo ao varejo 40% de margem líquida, de lucro, para distribuir os medicamentos. Segundo ele, atualmente existem produtos que possuem 200% de lucratividade, enquanto outros têm números negativos. Mas informou que as alterações não afetarão o consumidor, diferente do caso dos donos de farmácia.

“Nós temos que republicar a tabela. Para o usuário, não muda nada. Apenas a nossa remuneração pela distribuição dos medicamentos é que vai estar homogenizada, equalizada em 40% de margem para todos os produtos. Nossa relação de ressarcimento de recursos das farmácias é que muda. O Brasil tem mais de mil municípios que não têm farmácia popular nenhuma e que recebe normalmente os medicamentos através da rede pública. (Os farmacêuticos) Vão ter uma redução de margem de lucro, mas é inevitável. Nós não podemos permanecer gastando mal o dinheiro da saúde”, afirmou.

Hospitais

Ricardo Barros revelou ainda que existem 6 mil hospitais no Brasil, mas que, nas suas contas, apenas 1.500 resolveriam o problema da saúde pública do País. De acordo com o ministro, é preciso uma organização melhor.

“Eu fiz a conta de que com 1500 hospitais de 100 leitos em média, nós resolveríamos o problema. Hoje temos 6 mil, só que são hospitais de 20, 30, 40 leitos. Qual é o problema do hospital de pequeno porte? Faz um número pequeno de procedimentos, custa muito caro, portanto, cada procedimento tem um risco muito alto porque os hospitais não têm recurso. Se houver um problema, não há socorro para aquele caso”, explicou.

Para ele, a melhor solução seria regionalizar a saúde. Assim, cada lugar teriam hospitais como referências e permitiriam uma escala, proporção e qualidade no serviço. Segundo o ministro, a taxa de ocupação média nos hospitais do Brasil é de 60%, o que significa que 40% dos leitos estão vagos todos os dias no País.

“Os hospitais de pequeno porte servirão para cuidados paliativos, outros vão se transformar em unidade de pronto-atendimento, outros vão se transformar em centros de especialidade, de consultas especializadas, centros de imagem…então há como ordenar melhor a estrutura que nós temos. Não precisa fechar nada. Precisa que cada um ocupe o seu lugar numa estrutura hierarquizada, regionalizada que ofereça para aquela população daquela região todos os serviços.”

Planos de saúde e SUS

O ministro disse ainda que as pessoas que possuem plano de saúde não devem utilizar o Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com ele, a ação facilita o acesso de quem precisa e não tem condições de pagar pelo serviço.

“Todo mundo que tem plano de saúde não deve usar a rede pública. Quem tem plano de saúde e utiliza a rede pública, provoca uma ação de ressarcimento do SUS contra os planos de saúde. Então, quem pode ser atendido fora da rede pública deixa espaço para aqueles que só dependem do SUS. Que não têm possibilidade de outro tipo de atendimento”, opinou Barros.

“Quando defendo os planos acessíveis de saúde, quando defendo a ampliação da saúde suplementar, nós estamos justamente falando de mais brasileiros estarem financiando sua saúde, através da sua empresa ou particularmente, e outros brasileiros que não podem ter essa possibilidade da saúde suplementar, terem menos demanda no SUS para o seu atendimento”, completou.

 

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