Pacientes podem perder a visão após cirurgia de catarata no ABC

  • Por Jovem Pan
  • 11/02/2016 11h39
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Brasilia 04/04/2014 O Governandor Agnelo Queiroz e a Primeira dama Ilza queiroz durante Cerimônia de inauguração da Carreta Oftalmológica Local: Ceilândia /ao lado da Upa Foto: Denio Simões/GDF Dênio Simões / GDF Oftalmologia

 Uma cirurgia que deveria representar o retorno da visão para muitos pacientes se transformou em um pesadelo para famílias de São Bernardo do Campo, onde 21 pacientes estão com pelo menos um dos olhos sob risco da perda de visão por causa de uma série de cirurgias de catarata que deu errado.

O procedimento realizado pela prefeitura de São Bernardo do Campo deveria ser uma operação com recuperação no mesmo dia, no caso em 30/01. Só que das 27 pessoas que foram submetidas, 21 tiveram infecção e pelo menos seis delas perderam a visão do olho operado.

É o caso do aposentado Expedito Batista, de 66 anos. A filha dele, Evani dos Santos Almeida, diz que ele combate um problema ainda pior: “A visão ele perdeu, agora o nosso foco e dos médicos é combater a infecção porque essa bactéria é muito agressiva. O globo ocular permanece, mas ele está fazendo tratamento para combater a infecção”.

O Hospital São Paulo, da Unifesp, foi uma das instituições que receberam parte dos pacientes que foram afetados pelos procedimentos. O chefe do setor de retina do Hospital São Paulo, André Corrêa Maia de Carvalho, diz que duas pessoas já perderam os olhos infeccionados: “A gente atendeu três pacientes, sendo que de dois os olhos tiveram que ser removidos porque a infecção estava muito grave, e do outro um olho foi submetido à cirurgia chamada vitrectomia, com o objetivo de controlar o processo infeccioso. Ainda não sabemos como vai ser a evolução desse paciente submetido à cirurgia, mas sabemos que é uma bactéria extremamente patogênica e que provavelmente é a mesma que infectou todos os pacientes”.

A secretária de saúde de São Bernardo do Campo diz que acompanha todos os casos e convidou o Ministério Público para acompanhar as investigações. Odete Gialdi, porém, reconhece que todos os pacientes que sofrem com a infecção vão ter um grau maior ou menor de problema de visão: “Todos os pacientes tiveram uma perda, reconhecemos isso e todas as medidas que a gente adotou desde que fomos comunicados da ocorrência foram no sentido de reduzir a perda, o dano para o paciente. Mas todos terão alguma perda, muitos terão a perda da visão desse olho em 100%”.

Odete Gialdi diz ainda que as cirurgias foram prestadas por uma empresa terceirizada, que nunca havia tido problemas com a administração municipal. Depois do quadro de infecção dos 21 pacientes, a empresa teve o contrato suspenso e o oftalmologista responsável afastado. As apurações continuam e ainda não se sabe a causa exata da infecção.

Reportagem: Tiago Muniz

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