Após ironizar universo cinematográfico na web, Choque de Cultura pode virar filme
Se você tem o costume de circular pela internet, com certeza já se deparou com o Choque de Cultura. O grupo nasceu em 2016 e em apenas uma semana ultrapassou 1 milhão de visualizações, conquistou um espaço na lista de mais populares do YouTube e virou campeão de gifs e memes nas redes sociais. Tudo isso graças a uma ideia aparentemente simples: em vídeos de menos de 10 minutos, quatro atores encarnam quatro motoristas de van ilegais que decidem falar, em tom de deboche e sarcasmo, sobre cinema. E adivinha onde eles devem aparecer em breve? Isso mesmo, no cinema. É o que os integrantes Leandro Ramos e Raul Chequer revelaram em entrevista ao Pânico na Rádio nesta quarta-feira (14).
“Temos ideias muito embrionárias para o futuro, como a de criar uma série do Choque. Nosso diretor já plantou na gente a semente do cinema também. Temos algumas ideias de criar histórias com os mesmos personagens e o universo da vida deles. Temos vontade, sim. Só que ainda é muito embrionário e falta dinheiro”, contou Leandro. “E vamos lançar um livro este ano que deverá se chamar 49 Filmes Para Se Assistir Enquanto Dirige. Ele vai ter resenhas de filmes feitas pelos motoristas”, completou Raul.
Formado ainda por Caito Mainier e Daniel Furlan, o grupo nasceu dentro do canal do Omelete, site especializado em cinema e cultura pop, e os vídeos são produzidos pela equipe da TV Quase, responsável por todos os materiais audiovisuais do veículo.
Um dos méritos da equipe nesses anos no ar foi o de ter conseguido atrair um público bastante variado. Entre seus seguidores estão desde motoristas que apenas assistem aos vídeos por conta da profissão dos personagens até profissionais de cultura. O segredo que agrada a todos talvez seja a divertida inversão de padrões onde produções populares consideradas “ruins” pela crítica são exaltadas como grandes obras ao mesmo tempo em que documentários e filmes “cult” são tachados de “chatos” e “sem importância”. O renomado seriado Stranger Things, por exemplo, é “novela de criança”, enquanto Velozes e Furiosos é “arte, rapaz”.
Isso pode ser observado inclusive no personagem Maurílio dos Anjos. Interpretado por Raul, o motorista acredita que é um grande conhecedor e vive fazendo discursos “elaborados” sobre o meio cinematográfico – o que o torna o maior alvo de deboche do grupo. A atitude reflete um pouco o comportamento dos integrantes. Embora sejam todos profissionais com carreira no audiovisual, eles rejeitam o rótulo de intelectuais e especialistas.
“Acho que até agora só assistimos a um filme antes de fazer o programa. Foi 2001: Uma Odisséia no Espaço. E não terminamos, todo mundo dormiu. De verdade. Enquanto assistíamos para escrever o roteiro, dormimos. Normalmente assistimos só os trailers”, revelou Raul.
A dupla ainda contou como funciona o processo criativo do quarteto. Segundo eles, todos escrevem as falas de todos os personagens, a edição final do roteiro é feita em conjunto e, acredite se quiser, o improviso é praticamente nulo.
“Qualquer filme pode ser avaliado pelos pilotos do transporte alternativo. Pensamos em pirações e vemos para onde elas podem nos levar. Estamos discutindo um filme e do nada começamos a falar sobre o Sérgio Malandro ou o Faustão. Usamos referências mais universais. Vamos surtando em cima, o filtro é a gente mesmo. Todos escrevem para todos os personagens, a redação final fica distribuída entre a gente. Ensaiamos então com o texto fechado e depois mudamos pouca coisa. Improviso é só tipo uns 10%. O resto é roteiro”, explicou Leandro.
Atualmente, o Choque de Cultura está de férias. A nova temporada deve chegar ao YouTube no segundo semestre do ano. Enquanto isso, os episódios antigos podem ser assistidos neste link.
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