Cantor do Psirico critica o Ecade e diz que compositores ganharam 200 reais com "Lepo Lepo"

  • Por Jovem Pan
  • 28/03/2014 14h05
Jovem Pan

Você pode não ser fã de Carnaval. Pode não ter curtido a folia em bloquinhos, nem em trios elétricos, nem em avenidas. Pode até mesmo não ter saído de casa entre o final de fevereiro e o início de março. Mesmo assim, em algum momento deve ter ouvido o hit Lepo Lepo. A música do grupo Psirico foi a mais tocada do feriado deste ano pelo país e, seguindo os passos de Ai Se Eu Te Pego, ficou popular também no exterior. Mas Márcio Vitor, vocalista da banda, contou que o sucesso não foi o mesmo em termos financeiros. Segundo ele, Filipe Escandurras e Magno Santana, os compositores, receberam apenas 200 reais pelo trabalho. 

“A questão do Ecade [instituição responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais] é séria. Ele tira mesmo o dinheiro da gente. O Felipe me disse que ganhou 200 reais com Lepo Lepo. Isso acontece. Eles fizeram a música para o Psirico, mas vários artistas a gravaram como se fosse deles. Foi triste. Fiquei puto, desmotivado, pensei em desistir de cantar. Mas Deus sabe o que faz. Outros amigos nos ajudaram muito nessa briga. Luan Santana, Gusttavo Lima e o Bruno do Sorriso Maroto foram alguns que nos defenderam pela qualidade da música, pela nossa história”, disse em entrevista ao Pânico nesta sexta-feira (28). 

Márcio fez questão de ressaltar que sua crítica é direcionada apenas aos que tentaram se apropriar da criação da canção, deixando claro que aprova versões de outros gêneros feitas por outros músicos.   

“A música tem essa liberdade. Só acho que tentar tirar proveito disso não é legal. Tem que ter respeito. Você não pode se apropriar do que não é seu. Eu queria muito que os compositores recebessem o dinheiro direitinho para que continuassem compondo. Mas de brincadeira é massa! Vi na internet uma paródia da Dilma, uma menina tocando no piano e no violino, o grupo MP7 fazendo a capella. São todas muito boas. A música deixa de ser sua e passa a ser do povo. Tem que ser assim”, explicou. 

Após algumas entrevistas recentes em que declarou que o Lepo Lepo era um “grito contra o capitalismo”, o cantor se tornou alvo de piadas. Rebatendo, confirmou mais uma vez a afirmação e a justificou. 

“Sempre nos preocupamos com o lado social das músicas e tentamos fazer isso de uma forma baiana, mais alegre, feliz. Em 2008, por exemplo, fizemos a Toda Boa, em que falávamos da autoestima da mulher, da mulher gordinha”, disse. “HojeCantor do Psirico critica o Ecade e diz que compositores ganharam R$ 200 co tem essa moda da ostentação, com MC Guimê e MC Gui, por exemplo. Acho legal, tenho até planos de gravar com eles, mas seria contraditório o Psirico cantar o que não tem. A música Lepo Lepo é isso. Temos a humildade de falar da favela”, completou. 

Além de incluir questões sociais nas letras do repertório do Psirico, Márcio afirmou que luta para defender a cultura nacional, especialmente a da Bahia. 

“A gente fala a linguagem do povo baiano, do povo brasileiro. Defendemos muito nossa cultura. Acho chato só valorizar o que é gringo, ficar pagando pau para o que é de fora. Quando criei o Psirico, queria falar de um jeito que todo mundo entendesse, sem preconceito e sem barreira, misturando tudo. Viemos para isso, para ser ousados”, finalizou.   

Durante a conversa, o convidado ainda relembrou a época em que participava das turnês de seu “padrinho” Caetano Veloso, comentou o trabalho feito ao lado de Carlinhos Brown na Timbalada e entrou na discussão da suposta “rixa” existente entre o axé e o pagode baiano. Confira a íntegra no áudio.

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