Carlinhos Brown fala sobre protestos na Copa: “temos que mostrar que o Brasil não é só de coisas ruins”
Poucos brasileiros têm tanto orgulho do Brasil como Carlinhos Brown. Seja nas suas músicas, seja em seus discursos, o artista sempre faz questão de ressaltar o grande amor que tem pelo país. E na época da Copa do Mundo, em que a nação estará no centro das atenções de todo o mundo, isso não poderia ser diferente. Indo contra a onda de manifestações recentes, ele tem lançado uma série de canções dançantes e alto-astral com o intuito de mostrar aos turistas o que ele considera ser “nossa verdadeira essência”.
“Sabemos que os defeitos existem, mas no momento temos uma oportunidade. Quem é de fora já sabe dos nossos problemas, tanto que nos chamam de ‘terceiro mundo’. Mas temos a oportunidade agora de nos manifestar de outra maneira, de mostrar outro lado. Talvez esses questionamentos dos protestos possam nos avivar. Torço sempre pelo positivo. Torço para que aquilo que as pessoas gritam na rua aconteça, mas para isso é preciso ter alegria. Temos que mostrar que o Brasil não é só de coisas ruins”, disse, nesta terça-feira (8), em entrevista ao Pânico.
Seu papel como artista, segundo ele, é fundamental nesse processo de “divulgação” e “propaganda” do país. Além de apostar em ritmos marcados por instrumentos típicos de nossa cultura, como timbau, agogô, pandeiro e berimbau, ele procura sempre criar letras com vocabulário popular – mesmo recebendo críticas atrás de críticas por conta disso.
“Minha parte do bolo é fazer com que o Brasil se conecte com o mundo através da nossa alegria. As pessoas querem conhecer as particularidades do Brasil, cabe a nós, em um momento tão especial, fazer isso”, disse. “E o cara que vem de fora entende o ‘lalaiá lalaiá’. Temos nossa linguagem, não podemos ter vergonha de recorrer a ela. Temos nossa forma de nos comunicar. É uma realidade inevitável, vamos receber milhões de turistas, então temos que recebê-los dessa forma espontânea”, completou.
Durante o programa, Carlinhos também relembrou sua trajetória, passando pelo início da carreira em Salvador. Embora esteja atualmente em situaçãoCarlinhos Brown fala sobre protestos na Copa bastante confortável financeiramente, ele não esquece as dificuldades pelas quais passou na infância.
“Uma das grandes formas de compreender o ambiente em que você vive é compreendendo que as dificuldades existem para todos. Não posso perder minha ligação com a comunidade. Nasci abaixo da linha da pobreza. Sou educador antes de qualquer coisa”, disse.
E mesmo tendo consciência de sua preocupação social, ele garantiu que não tem pretensão alguma de participar mais ativamente da política.
“A estética é política. Mas a estrutura política governamental não me interessa. Às vezes ela se dirige mais ao interesse próprio que ao comum, a arte não. A arte é imaterial. Fazemos para as pessoas”, explicou.
Brown comentou ainda seu recente trabalho na animação Rio 2, contou como começou a trabalhar com Sérgio Mendes e assumiu que o carnaval da Bahia tem passado por profundas modificações nos últimos anos. Confira a íntegra no áudio.
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