Caruso sobre assédio em Hollywood: "se há 15 anos não denunciou, perdeu a chance"
Recentemente, Marcos Caruso usou suas redes sociais para repostar a seguinte mensagem: “hoje se você disser que tem intolerância à lactose é capaz de a vaca te processar”. A publicação foi vista por muitos seguidores como uma provocação ao tão comentado “politicamente correto”. E de fato foi. É o que o ator reforçou em entrevista ao Pânico nesta sexta-feira (18).
“As pessoas estão pisando em ovos. Com medo. Vivendo um politicamente correto que chega a ser insuportável e chato. Não pode falar cego, só deficiente visual. Entendo isso. Mas tudo é bullying. Tudo bem, não pode fazer bullying mesmo, agredir, assediar, depreciar. Tem que ter educação e ser correto. Agora, de repente existe uma patrulha em cima de você que você não pode mais quase se expressar porque pode magoar. E não magoar e pedir desculpa. A pessoa já vai para a rede social e te destroi como se você fosse um canalha, um animal”, desabafou.
Em seguida, o convidado foi questionado pela bancada sobre suas opiniões acerca da onda de denúncias de assédio sexual que tomou conta do meio cinematográfico em Hollywood e resultou, inclusive, em uma série de afastamentos e demissões. Será que esse fenômeno seria um reflexo desse momento? A resposta foi afirmativa.
“Como está na moda, então vamos lá. Agora a moda é essa. A moda é denunciar, vamos denunciar. Não, calma, gente. Se você há 15 anos não denunciou, perdeu a chance de denunciar. Caducou. Estou falando também o que me vem à cabeça, pode ser que não seja nada disso. Mas não acho legal. Outro dia um diretor de teatro no Brasil foi denunciado por uma coisa que fez 46 anos atrás. Vamos com calma. A gente tem que ir com calma. Estamos em uma idade média sem saber para onde vamos caminhar, tudo é muito novo”, disse.
Caruso esteve no programa para divulgar a peça O Escândalo de Philippe Dussaert, atualmente em cartaz no teatro FAAP, em São Paulo. De acordo com a sinopse, ela conta a história de um pintor conhecido como copista de quadros consagrados que ganha visibilidade, renome e prestígio – até que se vê envolvido em uma grande polêmica.
“Ela fala sobre arte contemporânea, mas usamos esse escândalo na vida do artista para falar dos pequenos escândalos da vida cotidiana. O engraçado é como a peça chegou a mim. Descobri que anjos almoçam em restaurante por quilo (risos). Um dia, uma senhora bateu no meu ombro e pediu para conversar. Achei que queria uma selfie, não sei. E ela estava em um grupo de senhoras, elas falaram ‘estivemos em Paris e achamos essa peça incrível, queremos montar no Brasil’. Loucas! Compraram os direitos e não tinham nada a ver com teatro! E me deram o texto. Me apaixonei. Foi a primeira vez em que fui escolhido pelo público, não por um diretor”, brincou.
O texto é de Jacques Mougenot; a direção, de Fernando Philbert. A peça tem sessões de quinta a sábado às 21h e de domingo às 18h. Ingressos pelo site do teatro.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.