Caso de estupro no RJ virou discussão sobre passado de jovem, analisam especialistas
No domingo 22 de maio, o Brasil acordou chocado com a notícia de que uma jovem de apenas 16 anos teria sido estuprada por cerca de 30 homens enquanto estava dopada, em uma comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Os comentários nas redes sociais se dividiram em dois, de um lado, está quem diga que a garota “mereceu”, pois estava envolvida com traficantes e frequentava bailes funks. Do outro, quem defende que o acontecido é um reflexo de uma sociedade machista.
Para debater o assunto, o programa Pânico desta terça-feira (31) recebeu a sexóloga Carmita Abdo, a criminóloga Ilana Casoy e o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
Na visão do diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), Nico, a sociedade utilizou um suposto passado da moça para legitimar um crime. “Estamos julgando o passado da moça, que não nos interessa”, afirma. “Ela desacordada, sendo manipulada, caracteriza estupro. Não tem o que discutir”.
O caso tomou proporções mundiais, após cenas do crime e fotos da vítima nua circularem pelas redes. Frases como “ela pediu” ou “ela procurou” foram frequentes. Para a sexóloga Carmita Abdo, esse tipo de comportamento pode ter origem na educação que os filhos recebem dos pais. “A gente tem que pensar na educação que estamos dando aos nossos filhos homens, que são estimulados a provar sua virilidade desde muito cedo”, analisa.
Outra dúvida que se levantou na internet, foi o fato de o exame de corpo de delito acontecer somente após quatro dias o ocorrido. Segundo a Ilana Casoy, especialista em serial killers e mentes doentias, isso tem uma explicação. “Tudo que ela tinha medo que acontecesse se ela fosse denunciar, aconteceu mesmo. Ela foi ameaçada de morte e o vídeo foi divulgado”.
Aliás, a criminóloga concordou com o delegado. “Estamos fazendo uma coisa péssima, que évalorar a vítima. Essa menina não está valendo nada”, desabafou.
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