Como pressão e "mentira" de Bernardinho fizeram Serginho jogar a Rio-2016: "não queria por nada"

  • Por Jovem Pan
  • 28/06/2017 14h01
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Rodrigo Ramon/Jovem Pan

Maior líbero da história do vôlei, Serginho foi o convidado do Pânico na Rádio desta quarta-feira (28). Durante um bate-papo de pouco mais de uma hora, o jogador, que lança sua biografia nesta semana, relembrou grandes momentos da carreira e fez algumas revelações. Uma delas é a de que ele não queria disputar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Foi somente depois de um pouco de pressão e de uma “mentirinha” do técnico Bernardinho que o experiente atleta de 41 anos aceitou entrar em quadra na Rio-2016.

“Quando a gente perdeu aquele jogo lá em Londres para a Rússia na final de 2012, eu tinha na minha cabeça que era a minha última Olímpiada. Tinha que dar espaço para outros atletas, surgir novos ídolos… Para mim, o meu serviço à Seleção tinha acabado ali. Só que, nos anos seguintes, o Bernardo convocou outros líberos e eles tiveram muitos altos e baixos. Estavam muito irregulares. Nesse momento, eu falei que, se a Seleção precisasse, eu voltaria… Mas, no fundo, eu estava torcendo para que não precisasse. Queria ficar perto dos meus filhos”, contou Serginho. “Eu não queria por nada jogar essa Olímpiada”, acrescentou.

Foi aí que Bernardinho entrou em ação. Pressionado por público e imprensa, o técnico passou a ligar constantemente para o líbero. A intenção era transferir o “aperto” para o atleta, que já estava longe da Seleção há quase três anos, e tentar convencê-lo a voltar para disputar uma última Olimpíada. Um dos argumentos de Bernardinho, segundo Escadinha, provou-se “mentiroso” alguns meses depois – mas o atleta leva tudo na brincadeira.

O Bernardo sempre me ligava, perguntava como estavam as minhas dores na costas. E eu falava que estava bem, porque de fato estavaSó que ele mentia pra c… pra mim. Ele falou: ‘vamo?‘. Eu disse: ‘eu não consigo mais treinar no mesmo ritmo dos caras, Bernardo, não consigo mais dar 30 peixinhos em dois minutos‘. Ele, então, falou: ‘a gente faz um trabalho especial… Quando você falar que deu, sai da quadra, está liberado‘. Eu topei“.

O que aconteceu na prática, no entanto, foi um pouco diferente do que Bernardinho havia prometido. “No fim das contas, quando eu fui ver, estava fazendo tudo no mesmo ritmo dos caras. O que aconteceu? Bruninho, Lucarelli, Chupita, Lucão, esses caras mais novos… Me viam treinando e falavam: pô não posso treinar menos que o veio, não. No fim, eu treinei mais que todo mundo (risos). Acabou a Olímpiada, eu emagreci 10kg e fiquei zoado“, gargalhou o carismático jogador. 

O fim da história todos conhecem. Serginho jogou muito na Rio-2016, foi eleito o melhor jogador do torneio e conquistou o seu segundo ouro olímpico pela Seleção  de quebra, tornou-se o atleta brasileiro com maior número de medalhas olímpicas em esportes coletivos (4). Depois da final contra a Itália, o líbero estendeu a camisa 10 no centro da quadra do Maracanãzinho e foi ovacionado pelo público em uma despedida pra lá emocionante.

“Tive vários quebra-paus com o Bernardo”

Se hoje estão longe da Seleção, Serginho e Bernardinho formaram uma das duplas mais vencedoras da história do vôlei brasileiro. Eles são amigos e mantêm excelente relação, mas acumularam alguns entreveros durante os quase 15 anos de parceria no time nacional. O fato foi revelado pelo próprio Serginho. 

Ele não é chato, não. É um cara nota 10“, garantiu o líbero. Tenho respeito e carinho enormes pelo Bernardo. Tive vários quebra-paus com ele, dentro do vestiário, mas nos gostamos e nos respeitamos muito. Coisa de jogo. Mesma coisa de você jogar futebol com um amigo e mandar ele para aquele lugar porque ele perdeu um gol. Quando você trabalha com resultado, não tem como. 

A prova de que a amizade existe está no papel. Literalmente. Coube a Bernardinho escrever o prefácio da biografia de Serginho. O livro, intitulado “Degrau por degrau – a trajetória de Serginho, de Pirituba ao Olimpo”, tem 256 páginas e está à venda nas principais livrarias do Brasil. A obra pertence ao catálogo da editora Planeta e custa R$ 41,90.

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