Daiana Garbin diz que aconselha "em segredo" muitas famosas com transtornos alimentares

  • Por Jovem Pan
  • 07/06/2018 14h24
  • BlueSky
Jovem Pan Jornalista tem um livro lançado e comanda canal no YouTube

Anorexia, bulimia, compulsão. Quanto mais os médicos pesquisam, mais descobrem diferentes manifestações dos transtornos alimentares. Acontece que eles são muito mais presentes em nossa sociedade do que imaginamos. Você, leitor, por exemplo, provavelmente conhece alguém que luta contra esse drama e nem sabe. Isso porque, assim como todas as outras doenças psicológicas, eles não escolhem idade, sexo ou classe social. E é aí que mora o perigo. Daiana Garbin, autora do livro Fazendo as Pazes com o Corpo e dona do canal EuVejo no YouTube, falou mais sobre o assunto em entrevista ao Pânico nesta quinta-feira (7). Ela contou detalhes da sua própria história com o problema e revelou que, quando se tornou uma porta-voz, passou a receber inúmeros pedidos de ajuda, inclusive de celebridades.

“Eu era jornalista na TV Globo. Saí porque queria fazer o que estou fazendo agora. Eu queria falar sobre esse sofrimento absurdo que algumas pessoas passam com o corpo e a alimentação. Eu sentia que outros passavam por isso e lá eu não tinha espaço para falar. Comecei um canal na internet então e imaginei que seria para poucas pessoas que sofriam como eu. Eu estava errada. Milhares de mulheres e homens estão aprisionados no corpo”, disse. “Inclusive converso de forma privada com muitas famosas que vemos todos os dias nas redes sociais e na televisão que têm transtornos alimentares gravíssimos e é segredo”.

Com Daiana, os transtornos começaram a aparecer na infância. De acordo com relatos de sua família, ela chorou pela primeira vez porque “queria ser magra” aos 5 anos de idade. Aos 12, tentou parar de comer. Em seguida apareceu o vício em remédios para emagrecer, diuréticos e laxantes. Situações que a sociedade pode considerar “normais”, mas são, sim, sintomas. Prova disso é que, embora nunca tenha ficado acima do peso, achava-se “gorda”.

“O transtorno nasce de uma sensação de inadequação. De uma necessidade de ser amado, aceito, reconhecido. Todo ser humano quer isso! Quando não tem, começa a pirar. Achamos que a vida tem que ser perfeita, não sabemos lidar com o vazio e a frustração. A gente acha que os famosos estão sempre felizes e ricos, mas todos têm sofrimento e dor. Quem nunca foi rejeitado e humilhado? A vida é assim. Só que, quando não temos tolerância à frustração, alguns vão para as drogas, outros para o álcool, outros para a comida”, afirmou. “É fácil falar que tudo é mimimi. Quando você sofre, elabora uma saída e bola para frente. Mas quando a pessoa não consegue isso, que parece ser fácil para muitos, começa o transtorno”.

Além disso, a jornalista recebe mensagens ainda mais problemáticas. Algumas seguidoras, por exemplo, já contaram que desenvolveram compulsão alimentar após serem estupradas durante a infância ou adolescência. Elas começam a comer sem controle para ficarem obesas propositalmente. A ideia aqui seria fazer com que nenhum homem se aproximasse mais de seus corpos. O mesmo acontece no sentido contrário com a anorexia.

Mas e os homens? “Acham que esse problema é só das mulheres, mas não é. Quando botei meu canal no ar, em abril de 2016, a primeira resposta que recebi foi de um homem. Ele contava que tinha bulimia desde a adolescência. Só tamava banho no escuro, não conseguia transar com a mulher (…). Ouvi outros que deselvolveram transtorno porque perderam o emprego, perderam a auto-estima por não conseguir mais sustentar os filhos”, declarou. “O fato é que temos vergonha dos nossos traumas. Acham que eu não morro de vergonha de estar aqui falando sobre isso? É difícil. Mas sei que, quando a gente abre o coração e fala de uma dor, se uma pessoa ouvir e procurar ajuda, já vai valer a pena”, concluiu.

Todos os vídeos da entrevista podem ser vistos no canal do Pânico no YouTube.

Para acompanhar o trabalho de Daiana,  o link é @garbindaiana

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.