Ex-Katinguelê Salgadinho relembra o pagode dos anos 90: “deixamos um legado grande”
“Lua vai iluminar os pensamentos dela, falar pra ela que sem ela eu não vivo, viver sem ela é o meu pior castigo.” “Eu me apaixonei pela pessoa errada, ninguém sabe o quanto que estou sofrendo, sempre que eu vejo ele do seu lado, morro de ciúme estou enlouquecendo.” “Ela tá dançando e o Pimpolho tá de olho, cuidado com a cabeça do Pimpolho.”
Se você viveu sua juventude no Brasil, principalmente na região Sudeste, na década de 1990, com certeza achou estes trechos bastante familiares. Eles fazem parte de três das músicas mais tocadas na época, Lua Vai, Eu Me Apaixonei Pela Pessoa Errada e Pimpolho, sucessos do Katinguelê, do Exaltasamba e do Art Popular. Em entrevista ao Pânico nesta terça-feira (22), Salgadinho, antigo líder do primeiro grupo, relembrou o período áureo do gênero e elogiou a extensa lista de canções que ele e seus amigos deixaram às gerações seguintes.
“Não visávamos entrar em gravadoras, gravar discos. Éramos apenas músicos da noite, queríamos só tocar. Mas acabamos construindo carreiras e ganhando dinheiro com isso. Deixamos um legado grande, se juntarmos as três bandas são mais de 100 milhões de álbuns vendidos”, disse.
Em seguida, o músico explicou como aconteceu essa explosão de popularidade do ritmo. Ao contar a trajetória que percorreram, negou ainda que o Só Pra Contrariar, comandado por Alexandre Pires e dono de hits como Mineirinho e Sai da Minha Aba, tenha sido o pioneiro do movimento – pelo menos em termos de criação.
“O movimento que estourou na década de 90 começou quando um empresário trouxe o SPC de Minas Gerais e resolveu investir neles. Por isso ficou a impressão de que eles puxaram o bonde. Mas já tinha outras bandas na frente. A gente só não tinha força ainda. Ganhamos força graças a eles, mas já existíamos”, afirmou.
Atualmente, Salgadinho trabalha ao lado de Chrigor (ex-Exaltasamba) e Márcio Art (ex-Art Popular) – que também estiveram na bancada do programa – no projeto Amigos do Pagode 90. Com ele, realizarão uma série de shows ao redor do país apresentando novamente seus maiores clássicos.
“Somos três vocalistas, e é isso que causa o impacto inicial. Vamos começar o show com os três juntos no palco, depois cada um terá seu momento sozinho. O curioso é que a gente nunca se programou para fazer carreira solo. Começamos a cantar na noite, fomos para grandes gravadoras depois, mas não tínhamos essa proposta. Acho que isso torna as coisas mais simples, conseguimos interagir com mais facilidade, cada um tem seu espaço”, disse.
Por fim, o cantor comentou o novo movimento do pagode no país, que reapareceu nos últimos anos com uma roupagem diferente em bandas como Jeito Moleque e Inimigos da HP. Para ele, isso é apenas uma prova de que eles influenciaram (e continuam influenciando) os músicos mais jovens.
“Isso mostra que a música não tem onde nascer, que as pessoas fazem em todos os lugares aquilo que trouxemos da comunidade. Isso é muito legal. É um movimento espontâneo, tem que ser assim mesmo. Ninguém é dono do samba. Eles são meninos super talentosos, só engrandecem a música”, finalizou.
Durante o programa, Chrigor e Márcio também contaram outros detalhes do projeto e relembraram fatos marcantes de suas carreiras ao lado de suas antigas bandas. Confira a íntegra das entrevistas no áudio.
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