Delegado Nico Gonçalves e Afro-X defendem presídios “pequenos e privatizados” como solução para crise
Em meio ao alto número de rebeliões que têm tomado conta de presídios pelo Brasil, o Pânico na Rádio recebeu nesta quarta-feira (1) o Dr. Nico Gonçalves, delegado que assumiu a diretoria do DECADE (Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas), e o rapper e educador Afro-X, ex-presidiário, para discutir a questão da segurança no sistema prisional brasileiro.
Apesar das várias rebeliões e sensação de “impotência” da polícia, o Dr Nico garantiu que a situação “não está fugindo do controle”. “A polícia está atenta e trabalhando. O problema está em transmitir uma sensação de segurança”, afirmou o delegado ao reconhecer o problema de superlotação dentro das prisões.
“Estamos para cumprir mais 130 mil mandatos de prisão. Se pensarmos que 100 mil serão condenados, não temos cadeia para tudo isso”, analisou. Para o delegado, uma possível solução para a superlotação das cadeias seria a construção de presídios pequenos e privatizados, uma ideia que é defendida também por Afro-X.
“Com presídios pequenos de 150 presos cada, dá para ter controle e acompanhamento de cada caso. Fazer um presídio para 5 mil presos não tem condições de fazer acompanhamento”, falou o delegado. Afro-X ainda defendeu a necessidade de projetos de ressocialização dos detentos dentro da prisão, para prepará-los para quando forem soltos.
“Conheci o Carandiru e hoje vejo que o sistema continua o mesmo. Na ressocialização falta investimento. Deveria ter um investimento na questão do trabalho para o preso trabalhar e gerar renda e não ficar nas costas do estado”, defendeu o rapper.
Além dos programas dentro dos presídios, Dr Nico e Afro-X concordaram na necessidade de encontrar medidas que impeçam o envolvimento de jovens no crime. “É tudo uma cadeia alimentar. Se tem investimento na educação, lazer e esporte talvez isso não se torne uma causa para o crime”, falou o rapper. “A polícia cuida das consequências. As causas do crime na infância têm que ser melhoradas com oportunidades, escolas. Se tiver oportunidade, talvez não vá para o crime”, concluiu o delegado.
Preso em 1994 por assalto a mão armada, Afro-X foi condenado a 14 anos de prisão, e passou sete dele em regime fechado no Carandiru. O rapper relembrou o período no presídio e contou como tornou sua “superação” em uma forma de auxiliar outros detentos. “Sempre palestro em presídios e na Fundação Casa. Sempre vou ser ex-presidiário e deixo claro que não existe final feliz no crime. Essa história da minha vida serve como alerta”, ponderou.
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