Pastor fingiu ser mendigo por 1 ano para desmascarar ‘cultura da caridade’
Yago Martins é autor do livro ‘A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria’
O pastor Yago Martins se passou por morador de rua por um ano para entender melhor a relação dessas pessoas com aquelas que praticam caridade. A experiência resultou no livro “A máfia dos mendigos: Como a caridade aumenta a miséria”. Em entrevista ao Pânico nesta quinta-feira (24), ele explicou o que é a tal “cultura de caridade”.
“Algumas pessoas que estão na rua estão lá porque existe uma cultura de caridade irrestrita e impessoal. Se não estivermos envolvidos com trabalho com morador de rua ou ações de caridade, talvez a gente não veja isso e, dependendo do modo como interpretamos a vida, a gente nem acredite”, disse.
Segundo Martins, há muitos grupos de voluntários que vão entregar doações e comida para as pessoas em situação de rua e, o que deveria ser um ato de bondade, acaba se transformando em comodismo.
“Uma realidade que não me contaram e que eu vi foi mendigo escolhendo o que comer. ‘Ah não gosto disso, vou esperar o próximo’. Porque existe muita caridade, podemos ter fé na humanidade porque há pessoas boas preocupadas com os miseráveis.”
No entanto, o pastor ressaltou que nem sempre o “fazer o bem” é de fato isso. “As pessoas [que doam] não querem engajamento, não querem fazer diferença real. A impressão que dá é que o mendigo muitas vezes é instrumento de entretenimento moral. É só um jeito de se sentir melhor, fazer uma coisa boa e voltar pra casa feliz.”
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