"A esperança dos venezuelanos é em Trump e Temer”, diz brasileiro preso por Maduro

  • Por Jovem Pan
  • 26/02/2018 14h05
Johnny Drum/Jovem Pan Mineiro que viveu na Venezuela esteve na bancada do programa

Pedro Gravata nasceu na pequena e pacata cidade de Morada Nova de Minas, em Minas Gerais. Mas curiosamente fez fama em um lugar um pouco distante dali: a Venezuela. Cineasta e comunicador, ele viveu como “celebridade” no país comandado por Nicolás Maduro por cinco anos e falou sobre a experiência nesta segunda-feira (26) no Pânico na Rádio. Infelizmente, segundo ele, os cidadãos andam desesperados com o caos político que assola a região e mantêm um fio de esperança apenas por acreditar que em algum momento receberão ajuda internacional. Especialmente do presidente norte-americano Donald Trump e do brasileiro Michel Temer.

“Não sei o que vai acontecer daqui para frente. A oposição saiu, nas próximas eleições só ele vai ‘disputar’. É como um jogo de xadrez em que quem ganhar mata o outro. Só que o dono da casa é ele, o dono do tabuleiro é ele. Qual a probabilidade de outra pessoa vencer?”, questionou. “O país anda na mira do mundo por ter uma imensa reserva de petróleo. E o Trump é maluco, pode ser que queira entrar. Para vocês terem noção, a esperança da população é em Trump e no Temer. Eles acham que vamos ajudar. Aí quando mostro os vídeos da violência do Rio de Janeiro entendem que também não estamos bem”, contou.

Ex-seminarista, o mineiro foi à Venezuela pela primeira vez sem muitas pretensões para divulgar o lançamento de um documentário que havia feito sobre a Jornada Mundial da Juventude e a visita do Papa Francisco ao Brasil. Até que se encantou tanto que decidiu ficar. Para sobreviver, resolveu criar um canal de debates e entrevistas no YouTube.

“Na televisão não existe nenhum programa sem censura. Você não pode chegar na TV e falar qualquer coisa. Então fui para a internet e, por ter certa influência, comecei a convidar artistas que compraram minha ideia. Depois de um tempo fui chamado por uma emissora. Mas me boicotaram, durei dois programas (risos). Tem muito controle da mídia, não tem como ficar tranquilo”, disse.  

Um de seus momentos mais difíceis aconteceu em 2014, quando foi denunciado e detido. Tudo por conta do longa-metragem Caribbean Paradise, que, segundo ele, possui uns 50 minutos de narrativas sobre as belezas locais e apenas 10 sobre os problemas políticos.

“Eu fui em um programa de entrevista e a apresentadora ficou ‘puxando minha língua’. Ficou me pressionando para eu começar a falar mal do governo e não aguentei. Comecei a falar mal do Maduro. No outro dia, fui pegar um voo e um militar apareceu e pediu para eu acompanhá-lo. Na hora pensei que era algum problema com minha mala. Fui, olhei para trás e tinha outros 15 militares comigo. Quando entrei na sala deram ‘play’ no meu filme. O pessoal não tinha gostado”, afirmou. Ele ficou preso por três dias, mas garantiu que não passou por nenhuma situação de agressão. “Fui bem tratado”, brincou.

Agora, com seu visto de negócios cassado, o cineasta pretende passar uma temporada no Brasil. “Mas vou voltar. Pensei em ir na divisa com Roraima para dar um apoio moral aos migrantes. Tem muita gente que confia no meu trabalho”, concluiu.

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