Ex-contadora de Youssef revela ameaças e confessa ter medo: "estou pedindo proteção"
Meire Poza, ex-contadora de uma das empresas do doleiro Alberto Youssef, denunciou o esquema do Petrolão dois anos antes da Operação Lava Jato. Uma das principais peças das denúncias contra parlamentares e políticos, Poza contou no Pânico desta terça-feira (21) como teve seu escritório incendiado, já que agia como uma espécie de agente infiltrada.
O livro “Assassinato de Reputações II – Muito Além da Lava Jato”, do jornalista Claudio Tognolli teve a participação e os depoimentos de Meire Poza. Logo após o lançamento da obra, o escritório da contadora sofreu um incêndio. Comprovado pela perícia, o ato teve cunho criminoso.
De acordo com Tognolli, “estávamos entrevistando a Meire no ‘Jornal da Manhã’ e ela ficou sabendo quase que ao vivo sobre seu escritório”.
“Existiam sete conjuntos dentro do complexo e somente o meu sofreu prejuízo. As instalações elétricas eram novas e papel não queima sozinho”, explicou Meire.
Questionada sobre medo de seguir em frente com a sua vida, Poza admitiu que teme por sua segurança. Ela contou que a Polícia Federal ofereceu proteção no início da sua participação. Mas, “após o incêndio, eu não recebi nenhuma ligação, nem nada. Eu que estou pedindo proteção. O Youssef sai em novembro, minha filha faz 16 anos e somos apenas nós duas”.
Escutas e revelações
Com um acordo “no fio do bigode”, sem formalização judicial e sem delação premiada, a contadora ajudou a vazar documentos e forneceu informações importantes para a Polícia Federal.
Em troca, não seria processada. O que de fato aconteceu, o escritório de Meire ajudou a lavar mais de cinco milhões de Youssef, mas ela nunca foi indiciada.
“Algumas coisas eu gravei, pessoas que a Polícia Federal não conseguia identificar, eu chamei no meu escritório, reuniões que eu participei, gravava tudo”, explicou.
O contato de Meire com a Polícia Federal se deu após uma ameaça de Alberto Youssef: “quando o Alberto falou que se eu quisesse ver minha filha crescer, eu não deveria me meter nisso, foi aí que eu procurei a PF, em 2012”.
O escritório de contabilidade de Poza cuidava de várias empresas, e uma dessas era a GFD Investimentos, presidida por Youssef. “Por coincidência, todos os documentos, de todas as transições, estavam comigo. Enchi meu carro de papelada e fui para a Polícia Federal. E a partir daí comecei a conversar direto com os delegados. Eu estava me protegendo de um cliente que me ameaçou”, contou.
Quando resolveu denunciar as transições de Youssef, Meire revelou que não tinha ideia do tamanho de toda a operação: “eu não imaginava o envolvimento da Petrobras. Para mim, eu apresentaria os documentos e iria embora”.
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