Kim Kataguiri se diz feliz "não pelo Lula", mas por ver que "todos estão abaixo da lei"
Diversos setores da sociedade participaram na noite desta quarta-feira (4) de uma manifestação na Avenida Paulista para comemorar a decisão do Supremo Tribunal Federal que negou o habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre eles estavam alguns integrantes do Movimento Brasil Livre, incluindo o coordenador nacional do grupo, Kim Kataguiri. “Estou feliz não pelo Lula, mas por um ex-presidente estar abaixo da lei. Significa que todo mundo está. É bom para o país”, disse nesta quinta (5) em entrevista ao Pânico na Rádio.
Ele esteve na bancada acompanhado do advogado Marcos Bernardini, mestre e professor do curso de Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade e da Faculdade das Américas. Ele explicou quais podem ser os próximos passos da defesa petista. Comentou, por exemplo, a estratégia dos embargos de declaração (chamado de “embargos dos embargos”), alegando que sua utilização seria “tecnicamente possível, porém ridícula”, já que, em suas palavras, não existem fatos novos para serem analisados. “Com o embargo de declaração você demonstra que é fraco. Traduzindo: o cara foi condenado e falou ‘juiz, essa condenação está esquisita’. O juiz esclareceu. Aí ele falou de novo: ‘juiz, seu esclarecimento está confuso’. Seria isso”, completou Kim.
O jovem de 22 anos está prestes a se lançar na política. Nas próximas eleições, será candidato a deputado federal pelo DEM. Por conta disso, ele foi questionado sobre sua identificação com o partido, que, por ter grandes “figurões” da política tradicional como líderes, é considerado “da velha guarda”. “Em pautas fundamentais nós concordamos (…). Em Brasília, as orientações são pela bancada suprapartidária. É comum ter um deputado no PT na bancada ruralista, por exemplo. Brasília entende essa lógica. Não importa o partido”, respondeu. “Tanto que o DEM apoia o Rodrigo Maia à presidência e eu apoio o Flávio Rocha”.
Presidente da rede de lojas Riachuelo, Flávio se lançou neste início de ano como pré-candidato pelo PRB. Ele e Kim se conheceram em 2013 durante os protestos a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. “Lembro que ele deu uma entrevista e foi um dos primeiros empresários a se posicionar sobre aquilo. Depois, ele foi demonstrando vontade de ser presidente. Percebeu a oportundiade de mudança. Nós estávamos apoiando o João Doria, mas tivemos algumas decepções. Aí começamos a pensar em alternativas liberais e conservadoras com substância. Propostas na economia, proposta de mudar o sistema politico, revisar a policia. Encotramos quem representava essas coisas”, declarou.
As “decepções” citadas por ele com o prefeito da capital foram detalhadas por Arthur do Val, outro convidado do programa. Dono do canal Mamãe Falei no YouTube e também ligado ao MBL, ele, por sua vez, pretende concorrer ao cargo de deputado estadual neste ano. Ainda não se filiou a nenhum partido, mas, segundo rumores, deve também ir ao DEM.
“Na eleição à prefeitura apoiamos o Doria porque ele era o melhor. Não tinha nem competição. As opções eram Haddad, Marta, Erundina, Russomano. O Doria era o cara que se aproximava das pautas liberais. Quando estudamos achamos que ele era liberal de verdade, apoiamos com convicção. E ele chegou chegando, fez coisas que aprovamos. Acho que é o melhor pfereito que a cidade já teve. Mas começou a decepcionar quando deu declarações de que era desarmamentista. Depois foi a favor de taxar a Netflix. A ordem veio de cima, do Michel Temer, e ele, como liberal, deveria colocar uma alíquota mínima e falar que era contra. Mas disse que tinha que taxar mesmo porque era umaempresa rica. Acabou de vez em seguida quando apoiou os taxistas contra o Uber. Abraçou os sindicatos. Que liberal é esse? Isso mostra nossa coerência. Ele não serve mais para nós. Somos pragmáticos”, afirmou.
Por falar no tucano, tanto Arthur como Kim dizem que ainda não sabem quem apoiar na disputa pelo governo do estado. “Estamos em um ponto complicado. Vamos analisar as propostas com calma. Não sei quem apoiar. Só sei que quem apoiou antes o Doria por convicção, hoje vota nele por falta de opção. Para mim isso é assassinato político”, finalizou Arthur. Kim concordou e aproveitou para criticar seu slogan de “gestor anti-político”. “Isso diminui a categoria. Como se ser político fosse ruim. Se você está disputando, você é político! E que bom que é! A frase faz parecer que todo político é bandido”, concluiu.
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