Mandetta: Sem isolamento, Brasil viveria tragédia de proporções inimagináveis

  • Por Jovem Pan
  • 05/06/2020 13h59 - Atualizado em 05/06/2020 13h59
José Dias/PR Mandetta é o primeiro a prestar depoimento na CPI da Covid-19 O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta participou do Pânico nesta sexta-feira (5)

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou, em entrevista ao Pânico nesta sexta-feira (5), que o isolamento social evitou muitas mortes no Brasil por Covid-19.

“Aqueles governantes que olharam e viram o estrago em sistemas de saúde no primeiro mundo, tomaram cautelas de isolamento. Se não tivéssemos feito isso, teríamos assistido a uma tragédia de proporções inimagináveis”, disse Mandetta.

Apesar do isolamento e das medidas cautelares, o Brasil já é o 3º país com mais mortes por Covid-19 em todo o mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde desta quinta-feira (4), já são 34.021 óbitos pela doença, números menores apenas que os de Estados Unidos e Reino Unido.

O médico disse que o vírus é novo e causou estragos em todo o mundo. Ele lamentou o fato do Brasil não ter se preparado, apesar dos indicativos de outros lugares do mundo. “Falavam que o vírus não ia fazer nada no Brasil pelo calor, mas o cartão de visita do vírus no nosso país foi exatamente Manaus”, explicou.

Desavenças com Bolsonaro

Sem citar detalhes, Mandetta também comentou a saída do Ministério da Saúde, em abril. Ele foi demitido após desavenças com o presidente Jair Bolsonaro, principalmente em relação ao isolamento social. O ex-ministro era a favor do isolamento, enquanto o presidente queria que a economia continuasse aberta.

“É um falso dilema você dizer que o vírus causa problemas na economia”, disse. “Todas as epidemias chegam em depressão econômica, só quando a humanidade alcança a solução que você supera.”

Outro ponto de inflexão foi o uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19. Apesar de não concordar com o protocolo proposto pelo presidente, Mandetta disse que não é contra o medicamento.

“Eu não tenho partido, não politizo esse assunto, quero que a ciência me dê os números”, afirmou. “Eu não achava correto o governo ser proponente de uma solução que ainda não estava clara, eu só aguardava que tivesse os estudos”, explicou.

Ainda falando sobre Bolsonaro, Mandetta criticou algumas falas do presidente, principalmente quando ele disse que o brasileiro “mergulha no esgoto e não acontece nada”. “Para mim, não serve.”

Fora do Ministério da Saúde há quase dois meses, Luiz Henrique Mandetta revelou que está impedido de trabalhar até outubro deste ano. Por isso, tem dedicado o futuro ao livro que está escrevendo sobre os bastidores do Ministério da Saúde.

Ex-deputado federal, ele afirmou que não pretende disputar novas eleições, mas não descartou mudar de ideia no futuro. “Todo brasileiro tem direito a pensar a ser candidato”, disse. “Não tem nenhuma eleição que eu vá disputar agora, mas vamos ver mais para frente. Política é destino”, definiu Mandetta.

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