Mel Lisboa e Carol Badra criticam congelamento de 43,5% da cultura em SP; secretário diz que baixou para 26%
As participantes da bancada do programa Pânico na Rádio desta quinta-feira (28) foram as atrizes Mel Lisboa e Carol Badra. Durante entrevista, elas comentaram o atual cenário das artes em São Paulo, criticando o congelamento de 43,5% da verba para a cultura previsto para a cidade no início de 2017. Na época, a determinação resultou em uma série de atos na capital, sendo que alguns manifestantes chegaram a ocupar a sede da secretaria municipal.
“A Lei do Fomento está em uma situação complicada, muitos grupos não estão recebendo. Assim o grupo não sobrevive mais. A Lei Rouanet é uma das leis de incentivo que menos dá privilégios aos atores de teatro. Dá ao Circo de Soleil, ao Teatro Renault, os grandes. Os grupos de São Paulo que são sei lá quantos estão acabando. Meu grupo ‘Os Fofos Encenam’, por exemplo, recebeu no último fomento um orçamento de 600 mil reais para o ano. Se você fizer as contas, o que sobra para cada ator é pouquíssimo. Às vezes não chega perto nem de R$ 2 mil (…). A gestão Dória teve outras prioridades, aumentou a verba do marketing, por exemplo”, disse Carol. “E um detalhe importante é que essa lei de fomento oferece os espetáculos à população. Eles são de graça”, completou Mel.
O secretário municipal da Cultura, André Sturm, então, explicou por telefone o que segundo ele anda acontecendo no orçamento. Declarou que as informações citadas pelas atrizes são, sim, verdadeiras – mas garantiu que o descongelamento já começou a acontecer.
“No início do ano houve congelamento de recursos como acontece em qualquer gestão. A Cultura teve esse congelamento de 43,5%, o que é elevado. Mas ao longo dos meses, em contato com a Secretaria da Fazenda, fomos descongelando parcialmente (…). Atualmente estamos em 26%. Ele já caiu. E vai baixar logo para 25%. No ano passado e no ano retrasado, os recursos congelados foram de 25%. O ideal é zero, mas com 24% já ultrapassaremos os últimos”, afirmou.
Mel Lisboa e Carol Badra estão atualmente em cartaz com a peça infantil Pescadora de Ilusão no Teatro Morumbi Shopping. De acordo com a sinopse, o espetáculo, inspirado em A Mulher que Matou os Peixes, conto de Clarice Lispector, conta a história de uma mãe que pede perdão aos filhos por ter esquecido de dar comida aos peixinhos deles. As sessões acontecem aos sábados e domingos às 15h.
“Nessa adaptação, nós duas somos as personagens que decidem contar essa história às crianças e pedem para que elas perdoem a ‘pescadora de ilusão’. Não trazemos apenas a questão do livro, mas fazemos uma grande iniciação à obra da Clarice Lispector como escritora. Trazemos trechos até de livros adultos, como A Paixão Segundo GH. São questões profundas para todos refletirem. E a criança tem profundidade para entender qualquer coisa. A gente subestimar a capacidade dela é terrível. Às vezes a gente mascara nossas sensações para ser aceito, com a criança isso não acontece. Ela é mais verdadeira em sentimentos, não tem máscara social”, disse Mel.
Ela também pode ser vista no palco em Boca de Ouro, peça com a qual se apresenta no TUCA às sextas (21h), sábados (21h) e domingos (18h30) ao lado de Malvino Salvador. Em breve estará ainda em A Vida Secreta dos Casais, série criada por Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli, uma produção original da HBO que estreia em 1º de outubro.
Durante o programa, a convidada falou por fim sobre sua passagem pela Record, a desistência em fechar contrato com o SBT e relembrou o sucesso global Presença de Anita. “É bacana ter um trabalho tão reconhecido que as pessoas se lembram até hoje. Mas realmente às vezes cansa responder as mesmas perguntas (risos)”, brincou. Confira a íntegra no vídeo.
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