Multifacetado, Rincon Sapiência dispara: “quero ser o que ainda não existe”

  • Por Jovem Pan
  • 11/07/2017 14h18
Johnny Drum/Jovem Pan

Crítica social e romantismo. Tambor africano e batida eletrônica. Funk, samba, ciranda. E muito, mas muito mais. O convidado desta terça-feira (11) do Pânico na Rádio foi o multifacetado rapper Rincon Sapiência, dono dos hits Elegância e Ponta de Lança. Durante o programa, o músico afirmou que, além de ser fã do rap nacional, destacando a poesia do grupo Racionais MCs e do compositor Xis, sempre admirou os artistas estrangeiros do gênero, que também o influenciaram a moldar sua forma de expressão. E questionado pela bancada sobre quem faria um trabalho equivalente a ele lá fora, deixou a modéstia de lado e já mostrou a que veio. “Eu tenho o plano de ser vanguarda. Daqui uns anos, alguém vai ser o novo Rincon. Quero ser o que ainda não existe”.

O paulistano, cujo verdadeiro nome é Danilo Albert Ambrosio, hoje com 31 anos, nasceu e cresceu em Itaquera, na zona leste da capital. Antes de despontar na música, trabalhou com pintura de muros, distribuição de panfletos e até telemarketing. E reconhece na sua trajetória as mudanças relevantes que têm acontecido social e culturalmente na periferia.

“A periferia hoje consome tudo. Ela sabe quem ganhou o Grammy, conhece a série nova do Netflix. Tá antenada, então tá mais diversa. Existe uma massa contestadora, assim como existem pessoas mais pop, existe a ostentação, o amor. É positivo isso, assim a periferia não vira uma arte estigmatizada, já que a elite manuseia a ‘máquina’, o mercado. Acho legal estar em várias vias, desde as mais underground até as maiores”, disse.

Rincon voltou no tempo e contou ainda como começou sua paixão pelo rap. Na infância, segundo ele, seu tio costumava gravar os videoclipes que passavam na MTV e, graças a isso, o garoto se ligou não só pelo som, como também pelas roupas e pelo comportamento que estavam ligados ao gênero. Na adolescência, então, fez sua primeira letra, montou uma banda e começou a trilhar o que seria o início de uma carreira. Para isso, desistiu do antigo sonho de ser jogador de futebol.

“Aprendi a ler e a escrever antes de entrar na primeira série. Tinha facilidade com as palavras. Os professores me elogiavam, sempre fui de ler, escrever”, lembrou.

Por fim, elogiou o mais recente disco de seu ídolo Mano Brown, bastante questionado por deixar as críticas sociais parcialmente de lado para gravar canções românticas em Boogie Naipe. “O álbum é muito bom. É louco porque ele é o ‘camisa 10’ do rap. E trouxe uma proposta nova e manteve essa titularidade. Foi ousado. Ele é muito conhecedor da música que se propôs a fazer, disco, funk, soul”.

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