"Não tenho nada contra a pessoa ter um automóvel", diz Haddad
Ao vivo no programa Pânico na Rádio, o prefeito Fernando Haddad falou sobre as questões que cercam a cidade de São Paulo, especialmente o trânsito e a mobilidade. Haddad também defendeu obras que sua gestão tem feito na periferia, falou sobre a polêmica dos táxis com o aplicativo Uber, sobre a aprovação de seu governo pela população paulistana, diante as eleições deste ano, e comentou a questão dos moradores de rua.
Haddad também comentou sobre a situação política nacional e disse que o PT “deu motivo” para sofrer ataques, mas defendeu o “resgate” do partido.
Haddad entende que sempre que uma mudança no trânsito é feita, há uma “reação de curto prazo”, a “estridência da primeira e da segunda semana de implantação”. “É um período de acomodação, é assim que funciona”, disse. Ele destacou também que “a cultura (de adaptação no tráfego) demora”, citando que “não exista ciclista sem ciclovia”.
Sobre o aumento do número de radares, Haddad lembrou quando o uso de cinto de segurança se tornou obrigatório em 1997. “Se você não fiscalizar, nego não respeita”, disse.
Citando pesquisa Ibope que apontou aumento de 50% no número de ciclistas e diminuição de 30% no número de mortes dos usuários de bicicleta no trânsito, Haddad disse: “eu prefiro ter feito a um custo baixíssimo as vias segregadas (a bicicletas) para que as pessoas morressem menos do que deixar engavetado um projeto dos anos 1980”. E completou: “Para mim diminuir acidente e mortes na cidade de são paulo é a meta da segurança no trânsito”.
Haddad travou discussões acirradas com pitadas de ironia com o humorista Carioca sobre a questão da mobilidade em São Paulo.
“Nada contra”
Haddad negou que sua política pública seja contra os carros particulares, mas sim de valorização de “alternativas” de transporte.
“Eu não tenho nada contra a pessoa ter um automóvel. Só quero oferecer alternativas para a pessoa que queira deixar o automóvel em casa possa fazê-lo”, afirmou. Ele diz que em “países desenvolvidos”, o carro não é utilizado na rotina das pessoas, pois foi criada uma rede alternativa. “Quando você não tem alternativa, você piora a longo prazo”.
Haddad defendeu o uso do transporte individual “pra levar a esposa para jantar, fazer uma viagem, visitar um amigo, faz sentido”. Mas não no dia-a-dia.
O prefeito defende que sua gestão tem promovido uma série de medidas para fazer “a população apropriar a cidade”.
“Existe um paradigma mundial sobre mobilidade: o sistema viário está dado, não tem como ficar expandindo isso”, disse. “Não era o paradigma de 30 anos atrás. 30 anos atrás a gente estava fazendo o Minhocão”, comparou.
Haddad entende, a partir de lei federal, que os pedestres ocupam o “primeiro lugar na hierarquia”, seguidos por ciclista, transporte coletivo, transporte de cargas, e, por último, o transporte individual motorizado.
Eleições
Haddad apontou propostas de outros candidatos à Prefeitura, como João Doria Jr. (PSDB), de remover parte das ciclovias e de corredores de ônibus. “É um direito democrático das pessoas. Eu não tenho nenhum problema que as pessoas defendam ideias e ganhem eleição”. O prefeito questionou, no entanto, o efeito a longo prazo de eventuais medidas.
Corredores
O prefeito também prometeu “atingir até o final do ano 500 km novos de faixas exclusivas”, mas ressaltou que “o corredor de ônibus à esquerda depende de recursos do PAC, que foram transferidos para nós em conta-gotas”, disse, criticando o governo federal de Dilma Rousseff.
LEDs e segurança pública
Haddad pretende colocar lâmpadas de led em toda periferia da cidade. “São Paulo vai ser a maior metrópole iluminada a led do mundo”, prevê. Ele cita Lajeado, Brasilândia e Heliópolis como os “primeiros bairros inteiramente em led da cidade”. Haddad prometeu a cidade inteira iluminada a Led em “três ou quatro anos”.
Ele ressalta que a medida pode ajudar na segurança pública e até no trânsito. Haddad exemplifica com o “trabalhador que sai de madrugada e volta à noite para casa. Sem uma iluminação boa, ele teria medo de fazer o trajeto e compraria um carro.
Haddad disse também que “o Estado está com um efetivo muito baixo de policiamento, especialmente na capital”, e defendeu o modelo de polícia civil e municipal, em vez de militar e estadual.
Creches e hospitais
“Vamos entregar mais de 100 mil vagas em educação infantil entre creche e pré-escola”, prometeu Haddad. “O (ex-prefeito Gilberto) Kassab prometeu três hospitais e nem começou nenhum. O fato de eu ter começado três e entregado um é relevante. O de Parelheiros vou entregar até o final do ano”, disse também.
Uber e pedágio urbano
“Nós somos contra a proibição e somos contra a liberação sem regulamentação”, disse Haddad. “Deixando à própria sorte, (o Uber) vai acabar canabilizando os serviços de táxi, o que não é bom”, argumentou. O prefeito elogiou os apps “Uber Pool e CarPool, de caronas, que mostram que “também o serviço individual de transportes pode ser otimizado na cidade”. Ele recusou, no curto prazo, a adoção do pedágio urbano. “Entendo que temos muitas providências a tomar (antes)”, disse.
Paulista e aprovação
Sobre a Avenida Paulista aberta para o lazer aos domingos, Haddad disse: “o último datafolha deu 61% de aprovação entre os moradores do entorno”. Ele defende seus projetos: “nós não tivemos a oportunidade de defender o nosso projeto em cadeia de televisão, rádio, porque nós não temos o espaço que nossos críticos têm”.
“O noticiário é muito negativo”, contestou Haddad. “Reduzi drasticamente os gastos com publicidade da Prefeitura. Fiz isso conscientemente”, disse ainda, alegando crise econômica.
Mudança nas escolas
Haddad também comentou a reforma frustrada do governador Geraldo Alckmin nas escolas. “Quando você vai fechar uma escola, independente do destino que vai dar para o prédio (…) não faz sentido sem conversar com a comunidade”, disse. Para o prefeito, Alckmin “atropelou” e não dialogou com os pais de aluno.
Questionado se não faz a mesma coisa quando pinta ciclovias sem consultar os moradores, Haddad nega: “a diferença é que eu defendi essa proposta na campanha eleitoral”.
Moradores de rua e adictos
“São Paulo tem cerca de 1/5 (20%) de moradores de rua que tem em Nova Iorque”, comparou. A diferença, segundo Haddad, é que “muitos se recusam a serem abrigados” pelo clima não ser tão frio quanto na cidade americana. “Desses 16 mil (de moradores de rua paulistanos), quase 10 mil aceitam o acolhimento ou o albergamento”.
Ele defende “a diverssificação necessária para atender a necessidade dos moradores de rua”, como não separar famílias e, para isso, se necessário, alugar casas para os núcleos familiares.
Sobre os adictos em crack, Haddad alega que “a maior parte deixou de frequentar a região da Luz”. “Cerca de 800 não deixaram de frequentar”. Desses 800, de acordo com o prefeito, “500 conseguimos abrigar, dando atendimento médico e abrindo frentes de trabalho”.
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