Nathalia Dill discute assédio na TV: “temos que estar atentos para defender quem não tem voz”

  • Por Jovem Pan
  • 19/10/2017 14h19
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Johnny Drum/ Jovem Pan

Completando 10 anos de televisão nesta semana, Nathalia Dill diz “ter sorte” por nunca ter sofrido assédio nos bastidores. No Pânico na Rádio desta quinta-feira (19), a atriz reconheceu que essa é uma realidade e defendeu o papel de artistas maiores de defenderem aqueles que, muitas vezes, não conseguem se proteger.

“Nunca fui assediada, posso ter tido sorte, mas não vou dizer que não tem porque a gente sabe que acontece”, disse Nathalia. “O problema do assédio é hierárquico. O diretor propõe um personagem, mas diz: ‘só se você der para mim’. Isso acontece e você se vê em uma sinuca de bico. Eu nunca estive nessa sinuca de bico nem na TV nem no teatro e rezo para não estar porque você é uma vítima, fica coagido”, falou.

“Hoje eu tenho mais poder e mais voz. Por isso tem que ter diálogo e estar atento para defender quem não tem voz. Assistentes acabam sofrendo mais assédio moral e sexual então a gente que tem mais poder tem que defender as suas vozes”, afirmou.

Ao falar sobre os casos em que as mulheres se tornam vítimas na sociedade, Nathalia citou o documentário “Primavera das Mulheres” que participou e falou, exatamente, sobre a “prisão” que o mundo pode ser para o sexo feminino.

“A maior prisão e o maior assédio é o fato de não podermos andar na rua e estar na rua. Fui criada para olhar para baixo porque se eu cruzar o olhar [com um homem] eu estou dando margem”, se indignou. “O mundo não pertence às mulheres”, lamentou.

“Fulaninha e Dona Coisa”

No mesmo ano em que completa 10 anos de televisão, Nathalia Dill conseguiu retornar aos palcos – onde começou sua trajetória como atriz – depois de 6 anos afastada do teatro. Na comédia “Fulaninha e Dona Coisa”, ela discute o que aproxima e distancia uma empregada e sua patroa.

“São dois universos que se encontram e com humor e crítica falamos da diferença social do oprimido e do opressor”, explicou. “Elas se encontram, independente de classe, se únem e precisam uma da outra”, avaliou.

A peça ainda toca em outro assunto delicado: a questão racial. No espetáculo, Nathalia Dill vive a empregada enquanto a atriz Wilma Mello, que é negra, vive sua patroa.

“Está no estereótipo das pessoas entenderem como correto a empregada ser negra e a patroa ser branca”, disse ao explicar a provocação

“Fulaninha e Dona Coisa” está em cartaz no Teatro Renaissance, em São Paulo, até o dia 29 de outubro. As sessões acontecem aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 20h.

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