“No Brasil a energia é outra”, diz o tenor paulista Thiago Arancam, sobre o público de ópera brasileiro
Com a ópera Carmen em cartaz no Theatro Municipal de São Paulo, o tenor paulista Thiago Arancam aproveita a curta visita ao Brasil para falar no Pânico sobre o circuito operístico no mundo.
Ele é considerado um dos melhores tenores do mundo, e é também um dois mais jovens, com 32 anos de idade. Ele entrou no mundo da música através do coral do colégio, aos sete anos. Nessa idade, ainda com voz de sopranino, já fazia solos e se destacava. Foi aí que percebeu que poderia seguir carreira cantando.
Ainda estudante de música erudita na Escola Municipal de Música, no caminho para a aula, Thiago ligava para o Pânico e cantava enquanto dirigia, fazendo brincadeira. Depois de formado, em 2004, foi estudar em Milão, e desde então já fez apresentações na Rússia, Alemanha, Áustria, Estados Unidos e outros países. Agora vive em Mônaco, de onde é fácil viajar para outras cidades.
“A nossa preparação é como a de um atleta. Tem a preparação física, psicológica. Tem que estar pronto para enfrentar quatro horas de apresentação. Tem que se alimentar corretamente, descansar. É o tipo de profissão que tem que se dedicar totalmente a isso”, conta. Ele passa de três a quatro horas por dia estudando uma nova ópera, e antes de uma nova apresentação passa três semanas anteriores à estreia ensaiando de oito a nove horas por dia com o elenco completo.
Thiago explica que as histórias de ópera sempre são de drama. Tem morte, tragédia, emoção. O tenor é o personagem romântico, heroico, tem posição de destaque nesse tipo de espetáculo. O público que freqüenta ópera é diferente em cada país, diz o tenor paulist
Ainda não tão disseminada no Brasil, a cultura da ópera está crescendo. O público brasileiro é mais caloroso, tem uma energia diferente do europeu, e costuma aplaudir com mais frequência, inclusive durante a música. “Isso é bom, porque a gente se entrega tanto para o público que quando ele aplaude a gente recebe aquele calor de volta. Já o público alemão é muito frio. Na china pode fazer tudo no teatro, pode comer, pode tirar foto, pode entrar e sair. Quando acabamos a apresentação lá ninguém aplaudiu, porque estavam ocupados tirando fotos”, compara Thiago.
Ele conta que uma das dificuldades de cantar ópera é controlar a emoção, e que a única forma de manter a técnica é através da concentração. “A técnica tem que estar muito fixa na cabeça, tem que ser uma coisa automática. Tem que exercitar muito o músculo para ficar condicionado”, descreve. Todas as performances do tenor são feitas sem microfone, a não ser em estádios abertos.
Antes de voltar à Europa, Thiago termina de gravar seu CD, que deve ser lançado até o final do ano, e ainda deve fazer uma surpresa durante a Copa do Mundo.
Durante o programa o tenor respondeu curiosidades dos ouvintes, falou mais sobre sua preparação na Europa, e cantou alguns trechos de suas músicas. Acompanhe na íntegra o áudio.
Serviço
Ópera Carmen
Quarta-feira (11)
20h
Theatro Municipal de São Paulo
R$40 a R$100
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