“Perdemos a capacidade de enxergar sexo como um jogo”, diz Luiz Felipe Pondé

  • Por Jovem Pan
  • 17/12/2015 14h25
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Mayra Chibante / Jovem Pan <p>Escritor esteve nos estúdios do programa nesta quinta-feira (17)</p>

Filósofo, escritor e colunista da Folha de S. Paulo, Luiz Felipe Pondé é um dono de um currículo impressionante e concilia sua agenda entre aulas, ensaios e debates políticos.

Recentemente ele lançou o “Guia Politicamente Incorreto do Sexo”, que desconstrói a ideia conservadora sobre o tema e traz explicações sobre a origem de tantos tabus.

“O livro discute uma certa censura ao sexo. O politicamente correto não começa no sexo, é um controle de gestos, de temas na mídia, de questões na universidade, são ‘lobbys’ que começam a perseguir pessoas porque elas não aderem a certos conceitos ideológicos, por exemplo. Começa pela política”, contou em entrevista ao Pânico nesta quinta-feira (17).

Apesar de gerar polêmica, o autor acredita que as pessoas ainda têm que desprender-se mais para falar abertamente sobre o assunto, o que poderia inclusive melhorar suas próprias relações.

“Se você associa profissional só por quem recebe por sexo, é complicado. Quando eu falo em profissional, eu penso em alguém que faz sexo não só por brincadeira, mas quem leva o sexo a sério. Eu acho impossível você ter uma vida afetiva sexual em que o casal se respeite o tempo inteiro, tem tensões, tem inseguranças e o politicamente correto transforma a vida afetiva em um manual de boas maneiras. A maioria não é correta, quando vai discutir sexo, gosta de falar ainda com uma certa sacanagem, brincadeira. Estamos perdendo um pouco a capacidade de enxergar o sexo como um jogo”.

Além de todos os fatores envolvidos, outra questão apontada por Pondé é a confusão entre sentimento, relações sociais e a questão física: “A ideia de casamento e de amor romântico não existia na antiguidade, só casava quem tinha patrimônio, então essa relação vem do século 18 para cá, é bem nova”, completou.

Política

Sobre a atual crise econômica vivida pelo país, o escritor, que também se dedica às discussões políticas, considera ser uma fase passageira, mas que certamente definirá os próximos anos de mandato da presidente Dilma.

“Tecnicamente falando, acho que temos três cenários, falando em impeachment, o primeiro é se a Dilma consegue sobreviver, ela vence, mas fica fraca; no segundo, ela perde e sai fora; e no terceiro ela ganha de lavada. No momento, acho mais provável ela passar, mas vamos ter mais 3 anos o Brasil deste jeito, isso pode significar outra crise institucional. Não acho bom para o país, bom seria ou que ela saísse ou que se fortalecesse de vez. A gente não enxerga um horizonte, mas a mudança pode gerar opções”.

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