Professor da PM defende legalização dos jogos de azar como “salvação” para a segurança
Um dos motivos apontados para as falhas na segurança pública do Brasil – e especificamente no Rio de Janeiro – tem sido a falta de recursos, seja para a polícia civil, militar ou federal. Não é à toa que uma série de reformas passaram a ser discutidas no Congresso Nacional na tentativa de aumentar a arrecadação. Mas, para o Coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário e professor na academia da PMESP, a solução é outra: a legalização dos cassinos e jogos de azar.
“A única salvação que vejo é a legalização do jogo no país. O jogo clandestino movimenta mais dinheiro que todo o tráfico de drogas. Por volta de uns R$ 20 bilhões. Deve ter uns 300 cassinos clandestinos por aqui. Claro, deverá ter uma regulamentação severa. Será uma possibilidade de arrecadar de R$ 20 a R$ 30 bilhões de impostos e todo mundo vai querer pegar um pedaço”, explicou ao Pânico na Rádio nesta sexta-feira (23). Segundo ele, com 30% desse valor, cerca de R$ 6 bilhões, daria para colocar em prática um plano nas fronteiras e criar 30 mil vagas em presídios.
Nos últimos meses, em meio ao caos na segurança, outra “solução” foi apontada por congressistas em alguns projetos de lei que tentam alterar o Estatuto do Desarmamento. A ideia seria tornar as regras menos rígidas para flexibilizar o porte de armas. Diferente de muitos, porém, o coronel não acredita que o armamento da população pode ajudar no combate à criminalidade.
“Existe um argumento simplório de que, já que a polícia não cuida da população, cada um deve cuidar de si mesmo. Participei da discussão de um projeto em Brasília e em toda sessão tinha um pessoal da indústria de armamento acompanhando. Eles ficam direto lá estimulando. Um dos projetos prevê que o cidadão poderá comprar seis armas e 50 balas por mês para cada arma. Isso vai abrir uma guerra no país”, declarou.
“A ideia de que armado você pode se defender é ilusão. Em todos os estados existem policiais morrendo em assaltos estando armados. Estatísticas feitas por pessoas sérias, economistas do IPEA e não falsos ‘especialistas’, mostram que, nos períodos em que mais se liberou o armamento no Brasil, mais se registraram homicídios”, afirmou. “A arma para atacar é ótima. Para defender não é tão boa assim”, opinou em seguida.
O professor esteve na bancada para falar sobre a polêmica intervenção que acontece atualmente no Rio de Janeiro. Sem hesitar, disse ser favorável, pois o estado entrou em uma situação em que não encontrava mais instrumentos para resolver sua crise e precisou da “autoridade” de um interventor. Criticou, no entanto, a postura do governo local em relação às Forças Armadas.
“Há uma reclamação das autoridades do Rio de Janeiro que culpam as autoridades federais por não controlarem a entrada de armas na fronteira. Nós temos a previsão de um plano de segurança de fronteiras com as Forças Armadas. Coisa pesada. Acontece que são 17 mil quilômetros. Se você pegar uma régua vai ver que é daqui até o Japão. Uma distância absurda. Então por que o Rio não fecha a ‘fronteirinha’ que ele tem? O estado tem acessos de estrada ao Espírito Santo, a São Paulo, a Minas Gerais. Por que não protege? Por que não vigia os 50 metros de fronteira da Rocinha? São só duas ou três entradas. Fiscaliza lá. Revista as pessoas”, concluiu.
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