Para especialista, a economia está na UTI, mas tem chances com Temer

  • Por Jovem Pan
  • 29/04/2016 09h53
Bárbara Dantine / JP Eduardo Giannetti da Fonseca

 O Jornal da Manhã desta sexta-feira (29) contou com a participação do economista Eduardo Giannetti da Fonseca. Professor do Insper, ele já lecionou na Universidade de Cambridge e na FEA/USP.

Sobre a polêmica envolvendo a regularização do Uber e os taxistas, Giannetti se diz favorável à competição e critica o sistema de frotas para os táxis: “Sou um feliz usuário de táxi, gosto do sistema de táxi de São Paulo, mas o que me incomoda é o sistema de frota. Os taxistas que trabalham com frota têm uma vida de servidão, acordam todos os dias devendo R$ 170. (…) Tem que regulamentar, permitir o trabalho e tem que ter competição. A Uber não pode ficar sozinha”.

Diante da crise política e do processo de impeachment, Giannetti chama a situação de esdrúxula e ressalta a necessidade do País dos políticos responderem por seus crimes: “Temos um governo que já não é e outro que já começou, uma situação esdrúxula que abre espaço para irresponsabilidades. O que mais me incomoda hoje é o seguinte, empreiteiros estão presos, diretores da Petrobras estão presos, operadores do esquema estão presos, mas políticos estão soltos e comandando a troca de poder no Brasil. Isso desmoraliza toda a política brasileira”.

Ainda sobre política, Giannetti critica a morosidade dos processos envolvendo foro privilegiado: “Esse estatuto do foro privilegiado, o rito é uma anomalia. (…) O mensalão demorou 10 anos até a condenação e grupos se beneficiam dessa lentidão. Políticos tem que ser julgados e punidos com celeridade. A Justiça comum funciona bem, porque a dos privilegiados não?”.

A abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, prevista para ser votada no Senado no dia 12 de maio, gera um grande debate entre oposição e governistas. O economista chama a atenção para a posição legalista adotada pelo PT: “Tinha que mostrar na mídia com contundência a argumentação do PT do passado dizendo que impeachment é político. (…) Foi com Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, e agora o PT vira legalista e busca argumentos jurídicos. Queria entender como mudaram de visão” .

Ao comentar sobre sua própria área, Giannetti afirma que a economia brasileira está na UTI, mas que existe a possibilidade de uma retomada do crescimento no segundo semestre: “A economia brasileira está na UTI, tem 10 milhões de desempregados e pode chegar a 12 milhões, um ritmo de queda do PIB se acentuando, precisa estancar esses movimentos. Mas ventos favoráveis vão dar alento no início do governo Temer. Vai ter uma Lua de Mel com capital político forte, o que ajuda. (…) O Brasil pode sair da UTI no segundo semestre e é de interesse de toda a nação brasileira, sair dessa situação. Não podemos ficar nessa hemorragia que está a economia brasileira”.

O economista também ressaltou a importância de recuperar a e confiança e acredita que investidores estrangeiros entendem o panorama político que afeta a economia e sabem que o processo de impeachment está sendo conduzido de acordo com a lei, não se tratando de um golpe.

Com um eventual governo Temer, Giannetti acredita que existe um trabalho difícil pela frente, mas que existem chances de retomada: “A mudança de governo tem perspectiva. Tem que usar muito bem para dar início ao movimento corretivo. O que colhemos agora é o desastre da política econômica do primeiro mandato de Dilma. A Nova Matriz Econômica é um desastre. Reverter isso na macroeconomia e na microeconomia será duro, mas temos uma chance”.

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