Para especialistas, sistema prisional brasileiro é “bomba” prestes a explodir
Especialistas avaliam que sistema prisional brasileiro é bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento depois de massacre no Amazonas.
A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj, deixou 56 mortos entre domingo e segunda-feira.
O governo estadual e a União continuam dizendo que a rebelião aconteceu por mais de um fator, não exclusivamente por causa da guerra entre facções.
A doutora em direito penal pela USP e professora da Unesp, Ana Gabriela Mendes Braga, avaliou que o sistema prisional vive uma situação imprevisível. “O racha que teve Entre Comando Vermelho e PCC em relação a disputa por território vai acontecer em outros Estados. O sistema prisional brasileiro é uma bomba e que pode explodir a qualquer momento”, disse.
Mesmo com as principais lideranças na cadeia e, no caso do PCC, no regime diferenciado, as facções continuam a planejar seus atos impunemente.
O presidente da Associação Juízes para a Democracia, André Bezerra, disse que o sistema está falido a tal ponto que as prisões só aumentam o problema. “A gente vive uma situação bastante contraditória, porque quanto mais prendemos, mais a violência aumenta”, destacou.
O coordenador de estudos sobre violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Júlio Jacobo Waiselfisz, afirmou que o Brasil já exporta o modelo de cartelização. Ele ressaltou que as facções impõem métodos semelhantes aos grupos mexicanos ou colombianos.
A Polícia Civil do Amazonas já identificou pelo menos sete presos como líderes da rebelião que terminou com cinquenta e seis mortos no Compaj.
O inquérito deve ser concluído dentro de trinta dias.
*Informações do repórter Tiago Muniz
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