Para moradores do Morumbi, nova faixa de ônibus favorece a criminalidade

  • Por Jovem Pan
  • 21/01/2016 15h36
Carolina Ercolin / Jovem Pan Faixa exclusiva de ônibus na Avenida Giovanni Gronchi

 A suspeita dos moradores do Morumbi, na zona sul de São Paulo, se confirmou. O bairro ganhará uma faixa exclusiva de ônibus na Avenida Giovanni Gronchi em dois trechos distintos entre a Praça Roberto Gomes Pedrosa, onde fica o estádio, e a Avenida João Dias. A previsão de entrega é dia 1º de fevereiro.

As mudanças no viário já começaram. Durante a noite, equipes da prefeitura trabalham na retirada da sinalização de solo, aquela pintura no asfalto que indica a separação de faixas e até os sentidos da rua.

Essas adequações deixaram os moradores em estado de alerta. Um deles, o comerciante Fábio Siqueira: “Aqui o pessoal já tem medo dos assaltos, e já tem transito sem a faixa de ônibus. Se colocar vai ser horrível e a única saída será entrar pelo ladeirão, famoso pelos assaltos”.

O advogado Marcio Martin sugere a realização de uma audiência pública pela CET antes da tomada de uma decisão deste porte no bairro: “Eles simplesmente determinam, fazem sua programação e executam aquilo que foi determinado, discutido internamente, sem levar as demais pessoas a uma discussão mais ampla sobre as consequências        disso”.

Além do trânsito, que já é um problema crônico da região cercada de prédios de alto padrão e da favela de Paraisópolis, há a questão da violência, ressalta o coronel Marcos Chaves, especialista em segurança: “O que implica dizer que as pessoas terão maior facilidade de praticar o crime e conseguir se evadir do local. Isso vai trazer sérias consequências para a ação policial. A polícia vai ter que se reestruturar para pensar em como fazer esse planejamento. Não somos contra a faixa de ônibus, mas precisamos criar um planejamento que possibilite a agilidade no transporte coletivo mas que não prejudique o transporte individual também”.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, preferiu não polemizar e afirmou que se a alteração favorecer o aumento da criminalidade, a polícia vai se adequar: “A Secretária da Segurança Pública não foi comunicada, mesmo porque não há necessidade da prefeitura comunica-la para tomar uma medida de competência municipal. Se houver a construção do corredor, é uma prioridade administrativa e uma opção do prefeito. A polícia vai verificar qual a necessidade de readequação do policiamento e agir na área da segurança, que é estadual”. 

Em nota, a CET esclarece que a faixa exclusiva de ônibus terá dois trechos: um à direita, entre o estádio do Morumbi e a Avenida Guilherme Dumont Villares, de 2,5 km. O outro fica colado ao terminal João Dias, na Rua Alberto Augusto Alves. Esse tem pouco mais de 200 metros de extensão. Ainda segundo o texto, a ativação da faixa tem por objetivo diminuir o tempo de viagem do transporte coletivo na região. Sobre a consulta pública ou custos, a prefeitura preferiu não se pronunciar.

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