Parlamentares criticam manobra de Cunha no Conselho de Ética: “feita sob medida”
O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aprovou mais uma mudança na composição do Conselho de Ética, após manobra para atrasar processo de cassação. A resolução foi apresentada pela Mesa Diretora da Casa e facilita a inclusão de aliados de Eduardo Cunha. Segundo a medida, os integrantes do conselho que mudaram de partido recentemente podem ser removidos.
Em entrevista coletiva, Cunha afirma que a nova regra também será aplicada aos membros da Mesa Diretora: “A mesa está prevista no artigo 7 e a Comissão do impeachment no artigo 23 do regimento. Já tem essa previsão, se você não colocar isso parece que está superando essa parcela. Membro da mesa que mudar de partido vai perder o cargo, membro da Comissão de impeachment que mudar de partido perderá o cargo. Isso é claro”.
Outros parlamentares entendem que o Código de Ética proíbe o uso da resolução para integrantes do Conselho de Ética. O deputado federal Alessandro Molon, da Rede, diz que o objetivo do projeto de Cunha é atrasar o processo de cassação do mandato: “Alterará a composição do Conselho de Ética sim, aliás, parece feito sob medida para alterar a composição do Conselho de Ética, porque o que está em jogo é o julgamento de Eduardo Cunha pelas inúmeras denúncias e provas já divulgadas”. Cunha é acusado pelo PSOL de ter mentido à CPI da Petrobras, quando negou manter contas secretas no exterior, em reunião de março do ano passado.
O deputado do partido Ivan Valente enfatiza que a medida não será tolerada no Conselho de Ética: “É impossível que os partidos que compõe o Conselho de Ética aceitem essa manobra regimental que vai dar maioria a Cunha no Conselho. Não toleraremos uma manobra desse tipo”.
Atualmente, 11 dos 21 votos do colegiado são contrários a Cunha, e 3 dos opositores trocaram de partidos. São eles o presidente do conselho, José Carlos Araújo, do PR, Fausto Pinato, do DEM, e Ricardo Izar, do PP.
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