Passada a euforia sobre o FGTS, é hora do cidadão se deparar com a realidade
No dia seguinte ao anúncio mais aguardado do ano, o do saque das contas inativas do fundo de garantia, eu fui uma dos 30 milhões de brasileiros que celebrei e corri para a agência da Caixa Econômica Federal.
Com sempre gostei das aulas de história, confesso até que senti certa emoção, quando olhei aquela carteira de trabalho – que eu até então só tinha usado para fazer os registros de radialista, jornalista, ou, para dar entradas e saídas dos meus empregos.
Lembrei das aulas da professora Maria José Barreras, que contava que lá nos tempos de Getúlio Vargas, o trabalhador andava com a carteira de trabalho nas ruas com orgulho, como um documento de identidade para ser exibido.
Olhei a minha e vi que o primeiro carimbo era do ano de 2001: Professora de inglês. Olhei também meu primeiro carimbo de profissional do microfone: 2006! Lá se vão 11 anos no radinho.
Melhor ainda: eu nunca fiz um saque sequer na minha conta.
Caminhei para agência central da Caixa Econômica Federal, na Avenida Paulista, imaginando onde eu iria passar as férias de julho. Quanto eu conseguiria de desconto no banco para quitar minha dívida. E, de quebra, quanto será que eu amortizar na dívida do meu apartamento, afinal, ‘Minha Casa, Minha Dívida’, né?
Entrei para a fila faltando 20 minutos para as 13h. Na agência, quase todo mundo buscando a mesma coisa: pagar suas dívidas.
Por volta das 13h20 eu fui atendida. Ou seja, 40 minutos na fila. Agora, era o momento de eu saber, finalmente, o valor do trabalho: cinco contas inativas. Mas, esse foi o único momento feliz da consulta.
Dos quase R$ 44 bilhões que devem ser sacados com esta medida, a expectativa é que para o consumo mesmo vá entre R$ 12 bilhões e R$ 16 bilhões.
O resto vai ser como eu e a maior parte das pessoas com quem eu conversei na fila da Caixa – só pagando os carnês.
Quanto às férias, agora estou em dúvida entre Mongaguá ou Paranapiacaba.
Confira a reportagem completa de Helen Braun:
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