Perspectiva para 2017 é frustrante, mas indica que não há como piorar, diz economista
Uma das grandes preocupações de Michel Temer desde que tomou posse como presidente da república há oito meses (contanto o tempo interino) é a recuperação da economia e das contas públicas do Brasil. Após este período, o PIB (Produto Interno Bruto) segue em retração e o cenário continua sendo negativo, fazendo com que 2017 já se cerque de dúvidas. Para o economista Eduardo Giannetti, a perspectiva é frustrante, apesar de indicar que não há como piorar.
“Imaginava-se que no último trimestre estaríamos com o terreno positivo, com o PIB crescendo, mas esse não é o caso. O cenário para 2017 é de uma recuperação lenta da economia, nada muito espetacular, mas o pior já passou”, explica em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo, no Jornal da Manhã. “O grande risco é político. Se houver grandes tempestades na política brasileira, envolvendo delações premiadas e novidades contundentes vindo da Odebrecht e Eduardo Cunha, esse cenário de recuperação pode ser comprometido”, diz.
Apesar do cenário pouco animador, Giannetti aponta três sinais positivos para a economia brasileira no próximo ano: a queda da inflação, que abre espaço para uma redução consistente dos juros e avanço para o próximo ano; o ajuste das contas externas, com um superávit na balança comercial de 50 bilhões de dólares; e uma enorme ociosidade no pacto produtivo, que se por um lado é ruim, pois mostra que estamos longe da plena capacidade do pleno emprego, por outro lado, dá um potencial de crescimento em curto prazo utilizando os fatores de produção existentes.
Este último fator é visto como essencial para aumentar o nível de investimentos em infraestrutura e produção, bem como o estímulo do empresariado brasileiro e da aplicação do dinheiro vindo de fora. “Como temos muita capacidade ociosa, isto inibe os investimentos. Ninguém irá investir sabendo que tem máquinas e mão de obra qualificada sobrando. Enquanto não melhorar um pouco o nível de ocupação é difícil ver o investimento voltar com força. Exceto em setores novos e promissores, como infraestrutura ou inovações. A confiança para se voltar a gastar do lado do consumidor e voltar a fazer apostas para o futuro do lado do investido no capital produtivo ainda terá que ser recuperada”, comenta.
Há ainda a aprovação de medidas vistas como fundamentais por Temer para a recuperação da economia nacional, como a PEC do teto dos gastos e as reformas trabalhista e da Previdência. Elas, entretanto, terão dificuldades para serem aprovadas em 2017 por terem como contrapartida interesse de determinados grupos.
Mesmo que a perspectiva seja de avanço lento para o próximo ano, Giannetti enxerga como correta a orientação da política econômica durante o Governo de Michel Temer. Para ele, o programa do governo peemedebista “Ponte para o futuro” nada mais é do que uma ponte para o passado.
“A essência da política econômica está correta. O Governo retoma princípios que funcionaram no Brasil durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e no primeiro de Lula, tanto nas questões da macro, quanto da micro econômica. No entanto, para consertar o desastre que foi o segundo mandato de Lula e, principalmente, o primeiro de Dilma, vai demorar mais tempo do que o esperado”, conclui.
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