Pingo Final: Aliança Nacional de Movimentos expõe suas reivindicações ao Congresso
O meu pingo final vai para a nova consciência que começa a surgir nas ruas. A Aliança Nacional de Movimentos, integrada, entre outros grupos, pelo Vem Pra Rua, está em Brasília. Ela torna pública nesta quarta-feira uma carta aberta, especialmente dirigida ao Congresso Nacional, com uma pauta de reivindicações ligada ao combate à impunidade e ao aprimoramento da democracia. A Procuradoria-Geral da República também é chamada à interlocução. A Aliança deve reivindicar que Rodrigo Janot, procurador-geral, solicite ao Supremo a abertura de inquérito para investigar a atuação da presidente Dilma Rousseff no petrolão.
Vamos corrigir algumas coisas. O movimento Vem Pra Rua não foi recebido em audiência por parlamentares do PSDB e do DEM. O que se deu foi outra coisa. Representantes da Aliança estiveram com tucanos e democratas — e com parlamentares de outros partidos, inclusive do PSOL — para convidá-los para a leitura da carta, que se dará na Praça dos Três Poderes, do lado de fora do Congresso. A turma já encaminhou um pedido de audiência a Janot, mas, até agora, não obteve resposta.
Olhem aqui: esses movimentos que estão em Brasília integram o grupo que colocou nas ruas, em duas manifestações, uns três milhões de pessoas. Suas reivindicações são justas, são legítimas, são honestas, são legais. Mais: eles se expressam segundo os melhores padrões de uma sociedade civilizada: em paz, sem agressões, sem ameaças, sem depredação do patrimônio público e privado.
As autoridades da República têm o dever moral e político de recebê-los e de prestigiar a sua pauta, o que não implica concordar com tudo. Estamos falando de política maiúscula, que passa pela interlocução, sem cooptação.
A Aliança Nacional de Movimentos, que reúne vários grupos, o Movimento Brasil Livre, o Revoltados Online e outros tantos não são franjas de partidos políticos, não são meras extensões da política formal, não estão atrelados a estruturas do poder. Aí está a sua força — vocalizam reivindicações e angústias da sociedade civil —, mas pode estar aí também a sua fraqueza caso não consigam estabelecer canais de conversação.
O Brasil é uma democracia — ainda é ao menos. Não vive, ademais, um período de conflagração revolucionária. Assim, é preciso que as forças se organizem para reivindicar, não para eliminar ou subjugar o outro. Isso é prova de força, de altivez, não de fraqueza. Digamos que os canais institucionais se fechem a seus reclamos: eis um bom motivo para organizar a batalha com ainda mais afinco; digamos que esses movimentos consigam fazer triunfar ao menos parte de sua pauta, eis um bom motivo para organizar a batalha com ainda mais afinco. Entenderam o ponto?
Esses grupos não estão acostumados à militância profissional, a exemplo das esquerdas, e, por isso, têm algo a aprender com elas: planejar a próxima, qualquer que seja o resultado da batalha em curso. O nome disso é política, que não se dá apenas no Parlamento e nos partidos. Tampouco é, ou deve ser, monopólio das esquerdas.
Que as portas das instituições se abram para ouvir a voz da maioria silenciosa.
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