Pingo Final: Cardozo muda de tom sobre protestos de domingo

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2015 11h27
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SÃO PAULO, SP, 07.03.2015: OPERAÇÃO-LAVA JATO - Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, concede coletiva de imprensa na tarde deste sábado (7) no escritório da presidência, para falar sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato após a divulgação de lista de parlamentares suspeitos de envolvimento com o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. (Foto: Ernesto Rodrigues/Folhapress) Ernesto Rodrigues/Folhapress José Eduardo Cardozo dá entrevista coletiva em São Paulo comentando a Operação Lava Jato neste sábado

Meu pingo final vai para José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. O governo mudou o tom do discurso em relação aos protestos marcados para domingo próximo. Até anteontem, eram coisa de golpistas, segundo os gênios, e de pessoas que não respeitam a democracia. Nesta quarta, o inefável José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, deu uma baixada na bola, embora continue a dizer tolices.

Ele recomendou o que eu também recomendo:  que as pessoas se manifestem “dentro da lei e da ordem”, respeitando “as autoridades constituídas” e afastando “quaisquer posturas golpistas”. E exortou: “Gostaríamos que não fizessem ação de ódio, de raiva”.

Que bom! MST e MTST estão promovendo invasões e ilegalidades neste exato momento, enquanto estou fazendo esse pronunciamento. Para eles, Cardozo não costuma dar conselhos. Mas o ministro está certo. Não é para ter ódio mesmo. Aliás, uma pergunta: a recomendação também vale para as manifestações organizadas pelos petistas na sexta? Outra questão para o ministro: no dia 24, 300 milicianos do PT bateram em pessoas que protestavam contra Dilma na porta da ABI. O senhor não redigiu nenhuma nota de repúdio, ministro, ou eu é que deixei de lê-la?

Cardozo continua a se comportar como mau jurista. Indagado se protestos em favor do impeachment são manifestações golpistas, ele afirmou que a reeleição de Dilma foi “legítima” e que “democracia existe no país, e não existe qualquer razão jurídica para se mudar esse quadro que está posto”.

Pela ordem:

1: nunca ninguém disse que a reeleição foi ilegítima;

2: fazer petições ao poder público é um direito;

3: impeachment está na Constituição e na lei; pedir o exercício de códigos jurídicos democraticamente pactuados nunca é golpe;

4: afirmar que não há razão para uma denúncia de impeachment é só um juízo, de que muita gente discorda;

5: golpe é tentar definir, ao arrepio da lei, o que pode e o que não pode ser reivindicado.

De todo modo, o ministro chega tarde ao convite à paz. Aqui no Jornal da Manhã, no Pingos nos Is, onde quer que eu me pronuncie ou escreva, eu estou recomendando que tantos os petistas, na sexta, quanto os que vão protestar contra o governo, no domingo, levem para a rua sorriso, felicidade, esperança, sentimentos de alegria.

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