Pingo Final: convenção do PSDB vira ato em favor de “Alckmin presidente”

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2015 09h35
Pedro Tobias 010711

Meu pingo final vai para 2018. Melhor um partido com dois ou três pré-candidatos à Presidência do que com nenhum, desde, é claro!, que, na hora certa, eles se entendam e que as disputas internas sejam leais. Escrevo isso porque é evidente que o PSDB já tem ao menos dois nomes para 2018: um é o senador Aécio Neves (MG). Quem atingiu a sua marca na eleição passada e vai conservar a presidência do partido cogita, obviamente, concorrer de novo. O estelionato eleitoral praticado por Dilma atua como um permanente caba eleitoral seu. A partir desta segunda, o que antes se dava como muito provável já é certo: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vai mesmo entrar na corrida. E por que não o faria?

Alckmin se reelegeu governador no primeiro turno e ganhou a disputa em 644 dos 645 municípios de São Paulo: 99,84%, marca jamais atingida no país. No Estado, Aécio obteve mais de oito milhões de votos de vantagem sobre Dilma, e é claro que parte desse mérito é atribuída também ao tucano paulista.

A maior resistência ao petismo se dá justamente em São Paulo, como reconhece o PT. Neste domingo, foi eleita, em chapa única, a nova direção do PSDB no Estado. O presidente do diretório é o alckmista Pedro Tobias; na secretaria-geral, o deputado federal Bruno Covas, que é também do grupo político do governador.

Tobias lançou, sem meias-palavras, a candidatura de Alckmin à Presidência: “O governador, como médico, gosta de gente. Esse é o nosso governador, que cuida de São Paulo. O país precisa de um médico, porque está doente, corrompido. O país quer Geraldo presidente”.

Alckmin discursou e foi duro com o PT: “A política se exerce essencialmente com ética. O PT pode ser tudo, menos um partido político, porque um partido político se faz com ética”. E resumiu assim a situação do país: “Não é possível pagar com o futuro do Brasil as contas dos malfeitos da última década”. É evidente que essa é a fala de um pré-candidato.

Ainda que, em política, previsões com mais de três anos de antecedência valham muito pouco, há coisas que são ditadas pela obviedade: que o cenário de 2018 vá ser favorável aos que hoje se opõem ao PT, isso parece certo. Assim, se os tucanos não cometerem erros importantes, podem disputar em condições favoráveis inéditas desde 2002. Os alckmistas sempre souberam que Aécio pretende ser candidato; os aecistas sempre souberam que Alckmin pretende ser candidato. Ninguém está surpreso. A evitar, apenas a disputa fratricida. Em algum momento, será preciso estabelecer um critério para se chegar ao nome. E, mais uma vez, claro!, vai se falar de uma chapa dos sonhos, a unir São Paulo e Minas, ou Minas e São Paulo…

Aécio terá a seu favor o recall da campanha nacional; como permanecerá no comando da legenda nacional, é um porta-voz natural da oposição, e a visibilidade que tal condição lhe garante facilita o seu pleito. O ponto frágil é o resultado eleitoral em Minas, com a derrota para Dilma e a vitória do petista Fernando Pimentel. Alckmin governa o Estado mais rico do país e demonstrou impressionante musculatura eleitoral. Nestes dois anos recentes, em que a reputação dos políticos, de maneira geral, despencou, resistiu bem. Os adversários apostavam que sucumbiria à falta de chuvas e trovoadas. Não aconteceu. Mas é, obviamente, menos conhecido do que Aécio fora de São Paulo. Por mais que pesquisas sejam um retrato da hora, têm sempre um peso enorme.

Dois mil e dezoito já começou.

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