Pingo Final: Dilma já renunciou a tudo, falta só o mandato

  • Por Jovem Pan
  • 22/07/2015 10h57
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Marcelo Camargo/Agência Brasil Dilma Rousseff

Meu pingo final vai para o superávit primário. Ai, ai… Dilma já renunciou às promessas do que faria, às promessas do que não faria, já renunciou ao comando da política, já renunciou ao comando da economia e, agora, vai renunciar à meta de superávit fiscal. Santo Deus! Dilma só não renuncia mesmo é ao mandato, o que seria um bem imenso ao país.

Por que escrevo isso? Atenção! O senador Romero Jucá (PMDB-RR) decidiu apresentar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 baixando o superávit primário de 1,1% do PIB para 0,4%. Já seria reduzir o dito-cujo a 36,36% do original, certo?

Mas ainda é muito. Não vai ter dinheiro para economizar o que, percentualmente, já seria uma mixuruquice. Notem: aquele 1,1% correspondia a R$ 66,3 bilhões; o 0,4% de Jucá já baixaria a economia para o pagamento da dívida para R$ 24,1 bilhões. Mas ainda é estupidamente mais do que o governo vai conseguir fazer.

Nesta quarta, informa a Folha, o Planalto vai sugerir a Jucá que baixe o número de sua emenda para 0,15% do PIB. Os números, assim, podem enganar. Em relação à proposta feita no começo do ano, a meta, então, será reduzida a meros 13,6% do original. Vamos botar em reais: o governo que dizia, há cinco meses, que iria economizar R$ 66,3 bilhões diz, agora, que a economia será de apenas R$ 9,01 bilhões. Não vai nem fazer cosquinha na amortização da dívida.

O curioso é que, há coisa de três dias, o ministro Joaquim Levy se mostrava contrário até mesmo a que se baixasse a meta de 1,1% para 0,4%. Considerava que já contribuiria para desmoralizar um pouco o governo. Ora, a desmoralização será bem maior. E atenção! Mesmo para economizar a merreca de R$ 9 bilhões, Dilma terá de fazer novos cortes no Orçamento.

Um dos fatores que pesaram na decisão foi a queda real de 2,9% da receita no primeiro semestre. Pois é… A recessão tem seu ciclo: elevam-se juros, cortam-se gastos, derruba-se a atividade econômica, e a arrecadação… cai. Caindo a arrecadação, piora a situação fiscal do governo, que está obrigado a cortar gastos, que vai derrubar a atividade econômica, que deteriora a situação fiscal…

Como se chegou a esse ciclo do capeta? Perguntem aos 13 anos de gestão petista. Sim, caros, cabe indagar: como é que se pode cometer em tão pouco tempo um erro de imodestos R$ 57,29 bilhões?

Lá vou eu. Sou lógico: quem opera com essa margem de imprecisão e promete agora economizar apenas R$ 9 bilhões está a um passo de produzir déficit primário, não superávit, certo? A menos que se dedique a novas pedaladas. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) resumiu assim esse imodesto ajuste no superávit: “A mistura de incompetência com descrédito é mortal”. Bingo!

Nos EUA, Michel Temer deu a entender que, se chegar ao trono de Dilma, mantém Joaquim Levy. Huuummm… Então teria de trocar todo o resto, né?

Para encerrar: as agências de classificação de risco deixaram claro que a situação fiscal do país teria um peso definidor na avaliação que fazem da nossa economia. Disparou o alarme.

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