Pingo Final: Edinho Silva assumiu, mas trajetória ambígua mantém dúvidas

  • Por Jovem Pan
  • 01/04/2015 09h58
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Edinho Silva toma posse como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social

Roberto Stuckert Filho / PR Edinho Silva é o novo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência

Meu pingo final vai para Edinho Silva, o novo titular da Secretaria de Comunicação Social, a Secom. Eu quero saber qual Edinho vai ser assumir a função. Aquele que disse, nesta terça, que sua postura “irá se nortear pelo critério técnico naquilo que significa a distribuição de recursos” para que se “possa fazer com que as campanhas de comunicação e de informação possam chegar à sociedade”, garantindo “a boa utilização dos recursos”, ou aquele que, na semana passada, divulgou uma carta aberta ao PT  em que acusou a existência de uma “direita golpista” e “oportunista”? Aquele que prometeu usar “critérios objetivos”, tolhendo as arbitrariedades, na distribuição das verbas publicitárias oficiais, ou aquele da carta, segundo quem “a elite brasileira” está sendo “insuflada por uma retomada das mobilizações  da direita no continente”? O ministro será o Edinho que garante a aplicação de critérios da mídia técnica ou o outro, que abraça até o bolivarianismo ao se referir à esquerda continental?

É o que nós vamos ver. Edinho tomou posse hoje na Secom. Dilma também discursou. Disse a presidente que a Secom vai apoiar a “expansão das teias de opiniões, olhares e interpretações da realidade” no país com “critérios justos e corretos na veiculação dos seus serviços”.

Eu não sei exatamente o que isso quer dizer, mas tenho a impressão de que não é coisa boa. O que é “expansão de teias de opiniões”? Isso tem servido para alimentar com dinheiro público os blogs sujos, cujo propósito evidente é preservar o governo e o PT e atacar da forma mais asquerosa aqueles que são considerados adversários.

A verba de publicidade pertence ao estado, não ao governo. Seu objetivo é fazer chegar ao maior número de pessoas conteúdos objetivos, de caráter informativo. Quem pratica a pluralidade de pontos de vista é a sociedade. Isso não é tarefa do governo.

Nessa fala de Edinho está a trilha que conduz ao subjornalismo de esgoto. Qualquer critério de distribuição de verba que não tenha como primeiro fundamento o número de pessoas atingido pelos veículos — respeitados, é evidente, parâmetros éticos e de dignidade humana — é puro lixo autoritário. Ao governo não cabe escolher privilegiar os veículos que lhe são servis e punir os que não são.

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