PMDB anuncia fim da aliança com o PT em 2018
O vice-presidente da República
O vice-presidente da RepúblicaReinaldo, então o PMDB anunciou o rompimento definitivo com o PT na disputa eleitoral de 2018?
Não sei se o PMDB terá mesmo candidato próprio à Presidência da República em 2018 — tudo, hoje, parece indicar que sim. Mas as dúvidas e reticências podem ser declaradas extintas em relação a uma questão: qualquer que seja a posição do partido numa aliança, o PT não será o seu parceiro. A sociedade chegou ao fim, embora vá durar por mais algum tempo como cadáver adiado. E esse também procria: quanto mais tempo passam juntos, mais rusgas — e rugas — aparecem.
Na entrevista concedida aos “Pingos nos is”, em novembro do ano passado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então ainda apenas candidato à presidência da Câmara, deixou claro que o casamento havia chegado ao fim, o que reiterou na terça passada. Fez uma crítica muito dura ao principal parceiro da coligação:
“Em primeiro lugar, o PT faz o governo mergulhar na sua própria agenda e nas suas próprias crises. Em segundo lugar, o PT sabotou muito a articulação política do próprio Michel Temer. Qual é a agenda que o governo tem para cumprir os três anos e meio? O governo não demonstra que agenda ele quer seguir. Eu acho que o PT atrapalha o governo. O PT o empurra para a sua impopularidade. A agenda do PT é conflitante com a dos outros partidos da base. O governo acaba optando pela agenda do PT e mergulhando ainda mais na crise política”.
Nesta quarta, foi a vez de Michel Temer anunciar com todas as letras o divórcio, durante o lançamento da nova página da Fundação Ulysses Guimarães no Facebook. Disse o coordenador político do governo e presidente do PMDB, segundo informa O Globo: “O que está sendo estabelecido é que o PMDB quer ser cabeça de chapa em 2018. Estamos abertos para todas as alianças com todos os partidos”.
Ou quase todos. Presente, Cunha voltou ao tema: “Em 2018, o PMDB seguirá um caminho que não é com essa aliança (PT). O partido tem de recuperar seu protagonismo”. E emendou Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado: “O PMDB tem uma aliança estratégica com o PT, circunstancial, porque ela deveria acontecer em torno de um programa, mas o PMDB está deixando claro, desde logo, que vai ter um projeto de poder, com um candidato competitivo a presidente da República”.
Se petistas gostam de crispar e puxar a corda, a exemplo do que de viu naquele ato de 900 golpistas, na terça, Temer faz questão de dar uma afrouxadinha. Falou em nome das instituições: “O Brasil precisa de otimismo. Não temos que nos impressionar com esses atos e levar adiante a ideia de uma grande pacificação nacional”. Disse que a Operação Politeia é “um assunto extremamente delicado” e que é preciso aguardar os acontecimentos.
Mas o PMDB tem candidato? É evidente que ainda é muito cedo. Mas dá para especular sobre alguns nomes. Comece-se pelo próprio Michel Temer — mas isso também pode depender de ser ele obrigado ou não a assumir o mandato que hoje é de Dilma, não é mesmo? Kátia Abreu, ministra da Agricultura, integra a lista de presidenciáveis do partido, onde se encontra também o prefeito do Rio, Eduardo Paes. E muitos poderiam perguntar: “por que não o próprio Eduardo Cunha, hoje o peemedebista de maior relevo no país?”
Muita água ainda passará por baixo da pinguela. Há até a chance de se aprovar uma emenda parlamentarista, o que obrigaria os partidos a rever suas respectivas estratégias.
De qualquer sorte, encerro afirmando que a aliança PMDB-PT, de fato, se esgotou. É chegada a hora de o petismo reunir o que lhe resta e buscar liderar as esquerdas no país. A aliança com o PMDB sempre esteve mais para o arranjo do que para um encontro de naturezas.
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